Inseticida utilizado no fumacê está em falta em Minas

Segundo a prefeitura, o uso do fumacê seria um reforço nas ações que o Município tem desenvolvido por meio da Sala de Operações (Foto: Marcelo Ribeiro)

O inseticida Malathion, utilizado no fumacê em cidades com alto número de casos de dengue, está em falta em Minas Gerais. Este seria o motivo pelo qual a aplicação em Juiz de Fora, prevista para acontecer nesta semana, foi adiada, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Em nota encaminhada à Tribuna nesta quarta-feira (12), um dia após boletim epidemiológico apontar muito alta incidência de dengue na cidade, a pasta afirmou que o Ministério da Saúde é responsável pela compra do produto e por repassá-lo aos Estados. Entretanto, a reposição do inseticida pelo Governo federal ainda não teria ocorrido este ano. A Tribuna mostrou, em reportagem publicada na quarta, que o veículo do fumacê – uma das estratégias de enfrentamento aos Aedes aegypti – ainda não havia sido liberado pelo Governo de Minas Gerais para ser usado na cidade, mesmo com a existência de mais de 500 casos prováveis da doença a cada cem mil habitantes.

Questionado pela reportagem, o Ministério da Saúde também enviou nota, em que explica que 1,65 milhão de litros do inseticida foi adquirido em 2016 pelo Governo federal, mas que, em 2017, houve “empedramento e cristalização no produto”. Por esse motivo, o Ministério da Saúde teria suspendido a entrega de 699 mil litros do Malathion. Conforme a nota, do total de um milhão de litros que foi entregue aos Estados, foi solicitada a reposição de cerca de 400 mil litros, devido aos problemas encontrados, e a empresa responsável pelo fornecimento do inseticida já teria recolhido 105 mil litros, “que devem ser restituídos ainda em junho”. O Ministério ainda informou que iniciou processo de substituição de alguns produtos com base nas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No texto encaminhado pela SES, a pasta pontua ainda que os Estados são responsáveis pela avaliação dos critérios epidemiológicos e por oferecer suporte técnico e logístico aos municípios que se enquadram em alta e muito alta incidência para as doenças transmitidas pelo mosquito, e que o fumacê não é a única medida de ação de controle da dengue, sendo eficaz somente no combate aos mosquitos adultos.

Força-tarefa ainda não tem nova data

O veículo foi solicitado à SES pela Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora há três semanas, quando a cidade atingiu alta incidência de dengue, segundo boletim epidemiológico do próprio Estado. Nesta terça, a atualização do levantamento mostrou que Juiz de Fora já havia atingido a incidência muito alta para doença, com 514,97 casos prováveis para cada cem mil habitantes. O uso do fumacê seria um reforço nas ações que o Município tem desenvolvido por meio da Sala de Operações, conforme a Prefeitura destacou. No entanto, a ação foi adiada, sem nova data prevista.
Em nota enviada nesta quarta, a SES também pontua que, além da liberação do carro fumacê, o Estado realiza diversas ações para o controle do Aedes. Entre elas, a execução de força-tarefa, por agentes da saúde do Estado e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em municípios com alta incidência de pessoas com dengue e alta infestação pelo mosquito. Apesar disso, a programação, que estava prevista para ser realizada entre estas segunda (10) e quinta (13) em Juiz de Fora pela Coordenação do Programa Estadual da SES, foi adiada “por uma questão de logística”, segundo a pasta. No entanto, não foi divulgada nova data para a ação no município.

Todavia, a secretaria afirma, no texto, que os técnicos do Estado têm reforçado, junto aos secretários municipais de Saúde e técnicos da Vigilância Epidemiológica dos municípios, a necessidade da intensificação das ações de rotina para diminuir a transmissão de casos.

Eliminação dos focos

Na matéria publicada nesta quarta, a Tribuna ouviu a gerente do departamento de Vigilância Epidemiológica, Cecília Kosmann, sobre a eficiência do carro fumacê. A titular explicou que para que o inseticida seja eficiente na eliminação dos mosquitos, é necessário que a passagem do veículo pelas ruas da cidade siga um protocolo adequado de aplicação. A gerente pontuou, no entanto, que o produto elimina somente mosquitos adultos, o que foi reiterado pelos Governos estadual e federal. Por esse motivo, as pastas reforçam a necessidade da eliminação das larvas e dos focos de multiplicação do mosquito (água parada), evitando a proliferação dos insetos.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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