Instituto Maria completa 75 de história com mais de dez mil crianças atendidas

Instituição completou 75 anos na última terça-feira (19) (Foto: Fernando Priamo)

São sete décadas e meia de dedicação ao cuidado integral de crianças. De muitas crianças. Em uma estimativa rápida, Vânia Derby Dutra, 85 anos, projeta: “Desde 1944 até os dias atuais, mais de dez mil crianças já passaram pela fundação.” A entidade à qual ela se refere é o Instituto Maria, inaugurado na década de 1940 pelo seu pais, Orvile Derby Dutra e Aracy Oliveira Dutra. Hoje a filha do casal é quem preside a unidade e continua a difundir o legado do trabalho social e assistencialista deixado por seus pais – que, inclusive, reverbera por outras entidades no município: além do Instituto Maria, fundação filantrópica e espírita, Orvile também ajudou a criar a Fundação Espírita João de Freitas, o Instituto Jesus, o Centro Espírita Venâncio Café, a Sopa dos Pobres e o Grupo Espírita Amor aos Desencarnados.

Na última terça-feira (19), a instituição completou 75 anos. Na ocasião, grande parte das 147 crianças atendidas pelo projeto ladeava a mesa com um grande bolo retangular coberto por glacê branco. Os pequenos, com seus olhos curiosos, atentos e carentes por atenção, esperavam o momento do parabéns, mas não antes de cantarem, para a avó Vânia, uma canção ensaiada com capricho. “Todas as crianças me chamam de avó, e isso é a coisa mais gostosa que tem”, orgulha-se.

A dedicação ao local é exclusiva e o trabalho como avó e presidente se confundem. Vânia, aliás, não encara a atividade como ofício, mas como uma oportunidade deixada por seus pais para que o bem seja feito. “Nós tivemos essa oportunidade, que meu pai e minha mãe me deram. E para mim é o melhor lugar que existe. Fico aqui cerca de dez a 11 horas por dia, minha vida é aqui. Eu nem sei como está a Rua Halfeld”, brinca aos risos, referindo-se à principal via do Centro da cidade. A sede do instituto fica no Bairro São Mateus.

A fundação, que antigamente funcionava como internato, e, hoje, atua como creche-escola, trabalha com sua capacidade máxima de atendimento – são 147 crianças de 3 meses a 5 anos de idade acolhidas em horário integral, das 7h30 às 17h, de segunda a sexta. No entanto, a fila de espera não para de crescer. “Muitos pais reconhecem a importância do instituto. E, com a maior sinceridade e honestidade, eu te digo que essa fundação é tudo na minha vida e na formação destas crianças. Aqui elas comem, têm um ambiente de educação. Isso valoriza o nome da instituição e faz com que as pessoas confiem em nosso trabalho”, resume a presidente sobre a relevância da entidade para as crianças, em situação de vulnerabilidade social, atendidas nestes 75 anos.

Sonho arquitetado por Oscar Niemeyer

O Instituto Maria funciona na Rua São Mateus 1.001, no bairro homônimo. O terreno, que abrigara uma fazenda na época em que foi comprado pelo pai de Vânia, foi o escolhido por Orvile para que seu sonho fosse, literalmente, construído. “Na época, meu pai tinha criado a Fundação Espírita João de Freitas, e lá atendia viúvas e seus filhos. Mas o sonho dele era criar uma instituição para crianças, para cuidar especialmente delas”, contou.

Orvile, então, foi em terras fluminenses buscar ideias para seu projeto. Após horas de viagem, conta Vânia, ele desembarcou no Rio de Janeiro para se encontrar com Oscar Niemeyer, arquiteto em ascensão, na época. “Meu pai só ficou satisfeito com o projeto dele. Ele queria um corredor todo de vidro e um ambiente aberto e arejado”. Ergueu-se, então, o prédio que abriga até os dias atuais o sonho de seu fundador.

Sede da Instituição foi arquitetada pelas mãos de Oscar Niemeyer (Foto: Fernando Priamo)

Lar durante muitas horas diárias para as crianças, o espaço também imprime marcas nos 40 funcionários do instituto. Entre educadores, cozinheiros, monitores, médicos, todos os colaboradores se envolvem de maneiras diferentes com as crianças. Algumas chegam bebês e ficam na fundação até completarem 5 anos. Portanto, esse desenvolvimento é acompanhado de perto pelos profissionais. E, não tem jeito, eles acabam criando laços afetivos com os pequenos.

Há dois anos e meio, a educadora Jaqueline Gardone Ramos trabalha na instituição. Entre suas principais atribuições, ela auxilia os bebês de 3 meses a 1 ano a desenvolverem o sistema motor. “Nós os auxiliamos a sentarem, a engatinharem e, com isso, muitas vezes, eles acabam dando os primeiros passinhos na nossa presença, ou falando a primeira palavra com a gente. É algo muito emocionante e, ao mesmo tempo, faz a gente se apegar”, confessa.

As crianças também se apegam. E muito. Buscam abraços, atenção e carinho dos funcionários e também de quem os visita. Ademais, pessoas que possam doar parte de seu tempo para visitá-los são bem-vindas.

Atividades

Em todos as seis seções em que são divididos os atendidos, o método montessoriano é a prática pedagógica – caracterizada por enfatizar o estímulo à autonomia, à liberdade e respeitar o desenvolvimento natural das habilidades físicas, sociais e psicológicas da criança – desenvolvida. No dia a dia, eles são estimulados a ‘aprender fazendo’, como diz o lema da prática. Ainda bem pequenos, eles aprendem a manusear diferentes objetos e têm noções de alfabetização.

A instituição mantém suas atividades de atendimento infantil a partir de doações da iniciativa privada e de um convênio com a Secretaria de Educação do município, que encaminha as crianças para a entidade por meio do Centro de Referência de Assistência Social (Cras). As crianças recebem acompanhamento médico, dentário, nutricional e pedagógico. O Instituto Maria também aceita doações de alimentos e em dinheiro. O contato deve ser feito pelo telefone (32) 3232-1077.

 

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Atualmente, Vânia Derby Dutra preside a instituição fundada por seus pais, Orvile Derby Dutra e Aracy Oliveira Dutra, em 1944 (Foto: Fernando Priamo)

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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