JF tem mais de 400 casos de síndrome respiratória sem causa definida

Mais de 400 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com causa indefinida já foram registrados em Juiz de Fora neste ano. Dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) divulgados em junho apontam que na Superintendência Regional foram notificadas 436 ocorrências de SRAGs não especificadas, enquanto outras 20 estavam em investigação. Já a Secretaria de Saúde do município contabilizou, até a última semana do mês, 430 pacientes que apresentaram SRAG sem agente determinado, ao passo que outras 160 pessoas tiveram a síndrome respiratória em decorrência da Covid-19. A Prefeitura também informou que cinco internados com SRAG foram contaminados pelo vírus influenza, da gripe, enquanto mais cinco estiveram infectados “por outro agente etiológico”, como bactérias, por exemplo.

Com isso, naquele momento, eram 600 os casos graves de problemas respiratórios na cidade, o que pode impactar diretamente na ocupação de leitos nos hospitais, já que as SRAGs são caracterizadas pela necessidade de internação. Na última semana de junho, por exemplo, a taxa de ocupação das UTIs da rede SUS estava em torno de 85%, enquanto a média total, levando-se em conta também os equipamentos privados, chegava a 75%. Tanto a Prefeitura quanto o Estado garantiram que todas as notificações de SRAGs são testadas para Covid-19. O Município, no entanto, admitiu uma lacuna nessa verificação em janeiro, já que os procedimentos de investigação para verificar se o agente causador da síndrome era o coronavírus foram iniciados em fevereiro.

Quase 20 mil em MG

Segundo definição da SES/MG, a SRAG é diagnosticada em “indivíduos hospitalizados com febre, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta e que apresentem dispneia ou saturação de gás oxigênio inferior a 95% ou desconforto respiratório”. Também são caracterizados óbitos por SRAG mediante os mesmos sintomas, mesmo quando não houve tempo para internação.

Segundo o mais recente informe epidemiológico da gripe, publicado pela SES na última quinta-feira (9), Minas Gerais já soma, neste ano, 13.176 casos de SRAGs cujos agentes causadores não foram especificados, enquanto outros 6.687 estavam em investigação, podendo ainda se tratar de Covid-19. “A SRAG não especificada se refere a todos os casos de mesma manifestação sindrômica em que não foi possível identificar o agente causador de base, ou seja, não foi possível identificar o vírus ou bactéria que causou a manifestação, mesmo esgotadas todas as etapas de pesquisa clínico-epidemiológica e laboratorial. Ela já passou por todas as etapas de investigação e, mesmo assim, não foi possível identificar o agente”, esclareceu a pasta.

O total de casos ainda indefinidos corresponde a 78,7% das SRAGs registradas nos últimos seis meses. Das 25.244 notificações, apenas 5.306 foram associadas a vírus específicos, sendo a maioria desses (5.146) relacionada ao coronavírus. Os demais apontaram influenza (160) ou outros vírus respiratórios, como parainfluenza, adenovírus, metapneumovírus e bocavírus. Ainda conforme a SES, as SRAGs em investigação são aquelas que foram notificadas, mas que aguardam a conclusão das etapas de pesquisa clínico-epidemiológica e laboratorial que, associadas, ainda podem elucidar a causa.

Variáveis dificultam identificação

Sobre a grande quantidade de pacientes que apresentaram graves problemas respiratórios em Juiz de Fora e em Minas com causa indefinida, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) ponderou que a identificação do agente causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) tem variáveis que podem interferir no resultado final, como a técnica e o momento de coleta, o correto acondicionamento e o transporte adequado do material. “Além de exames realizados na rede privada com resultado negativo para influenza não serem pesquisados para outros vírus respiratórios de interesse, impossibilitando, assim, a especificação do agente causador”, concluiu.

Questionada sobre uma possível relação entre subnotificação de casos de Covid-19 e ocorrências de SRAG inespecíficas, o Estado reforçou as variáveis citadas que dificultam a identificação dos agentes causadores e garantiu a execução de testes para verificação do coronavírus. “Diante da emergência da pandemia de Covid-19, o protocolo de investigação de SRAG contempla a pesquisa do Sars-COV-2 (agente causador da Covid-19). Portanto, todos os casos de SRAG hospitalizados são testados para a doença.”

Até esta segunda, Minas Gerais tinha 76.822 casos confirmados de Covid-19. Em Juiz de Fora, conforme dados da Prefeitura, o número chega a 2.654 infectados.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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