Juiz de Fora pode ter posto do Centro de Valorização da Vida

Embora ainda represente um tabu para a sociedade, de maneira geral, o suicídio entra em pauta no mês de setembro, quando as campanhas do Setembro Amarelo chamam a atenção para a necessidade de debater este problema de saúde pública. As iniciativas indicam que é preciso falar abertamente sobre o tema, como forma de prevenção e combate ao autoextermínio. Neste ano, ações reforçam a importância desse movimento em Juiz de Fora, como o projeto de lei que pretende criar uma data municipal para marcar a luta contra o suicídio e a proposta da criação de um posto do Centro de Valorização da Vida (CVV) no município. O objetivo é impedir as pessoas de chegarem a atentar contra a própria vida, propósito que necessita de uma série de esforços multidisciplinares.

A ideia de ter um posto do CVV na cidade é, justamente, a de ajudar a ampliar o serviço prestado em todo o território brasileiro, por meio do número de telefone 188. “O funcionamento do CVV é randômico, ou seja, qualquer pessoa, de qualquer ponto do Brasil, pode ligar e ser atendido por um voluntário de qualquer cidade do país que tenha um posto. Quanto mais postos tivermos, maior será a capacidade de atendimentos. Hoje temos nove postos em Minas, em Alfenas, Belo Horizonte, Governador Valadares, Itabira, Montes Claros, Ouro Preto, Pedra Azul, Sete Lagoas e Uberaba, e é pouco”, explica o psicólogo e presidente da futura unidade de Juiz de Fora, Edmilson da Silva Ribeiro, que lidera o grupo de voluntários dedicados à instalação da instituição sem fins lucrativos na cidade.

O coordenador nacional de expansão do CVV, João Régis da Silva, tem agendas marcadas em Juiz de Fora. Uma delas é a participação em audiência pública na Câmara Municipal, marcada para a tarde do dia 17 de setembro. João Régis vai falar sobre a proposta de criação do posto local, explicando o funcionamento do serviço e a necessidade de estabelecer parcerias com o poder público e com outros setores que possibilitem o desenvolvimento do trabalho. “No CVV, lidamos com o apoio emocional, o que envolve inúmeras questões. São momentos e situações pelas quais as pessoas estão passando. Muitas delas não têm com quem falar, ou podem estar com vergonha, e têm esse atendimento gratuito. Entre as questões estão os pensamentos sobre suicídio, inclusive, este seria mais um braço para trabalhar a prevenção.”

Embora a estrutura do serviço ainda não esteja totalmente organizada, Edmilson destaca a importância de reunir pessoas interessadas no voluntariado. Eles poderão se cadastrar e fazer um treinamento de 32 horas com a equipe do CVV. Para se inscrever é preciso ter mais de 18 anos e ter vontade e disposição para ajudar. Como as situações que chegam podem ser muito delicadas, a equipe também avalia o perfil do voluntário, para saber se a pessoa tem condições de prestar o atendimento.

Enquanto o serviço não tem uma sede ou um telefone direto, os contatos preliminares podem ser feitos com Edmilson, por meio do telefone: 99962-1799. Também é preciso sensibilizar o poder público e os outros setores para que possam ajudar na execução do trabalho. Como o CVV não tem renda própria, será necessário contar com um local e recursos para gastos, como energia elétrica, para o posto funcionar.

Projeto de lei propõe ações de prevenção

De acordo com um levantamento feito pela assessoria do vereador José Mansueto Fiorilo (PTC), com base em informações de registros da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Samu e unidades de saúde na cidade, de janeiro até o dia 1º de setembro, foram registrados 101 tentativas de suicídio e 22 mortes por autoextermínio em Juiz de Fora. O dado já representa mais do que o total do ano de 2017, segundo o mesmo levantamento, quando foram contabilizadas 85 tentativas e 30 mortes por autoextermínio no ano inteiro. Os números de 2019 também se aproximam do total de 2018, que teve 134 suicídios tentados e 31 mortes. Ainda de acordo com o levantamento, as mulheres tentam mais o autoextermínio que os homens. Os jovens até 30 anos são os que mais tentam suicídio, e 70,19% dos registros são motivados por depressão.

Diante desse quadro, o vereador propõe que o dia 10 de setembro seja eleito como o Dia Municipal de Conscientização e Prevenção ao Suicídio, fazendo com que a data possa estimular diversas frentes, por meio de um projeto de lei. O dispositivo está finalizado e deve ser apresentado na próxima reunião, marcada para acontecer no dia 16 de setembro. O vereador aponta áreas em que deve haver atuação e integração de esforços, como a prevenção; o diagnóstico de pretensos suicidas; o apoio a canais de atendimento a pessoas com algum distúrbio; a informação e a formação, promovendo o intercâmbio entre o SUS, a sociedade civil e organizações de apoio a essa causa. “A minha esperança é chamar a sociedade para participar dessa conversa. O índice de suicídios é muito grande e ainda é um tabu. Precisamos falar sobre o assunto e incentivar as pessoas que apresentam alguma desordem a se expressar e a chegar ao atendimento”, pontua o legislador.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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