O coquetel vitorioso teve como base Rum Angostura 5 anos, Amaro de Angostura, mix de Bitter Angostura, suco de limão e refrigerante de gengibre. A ele, o bartender Gustavo Ferreira Costa deu o nome de “Wins”. A segunda bebida teve como composição Amaro de Angostura, café brasileiro nível exportação, Bitter aromático, suco de grapefruit e solução salina. E recebeu o nome de “Sense Cat”, em homenagem ao gato Hunter do autor do coquetel, o bartender Gustavo Ferreira Costa. Enquanto uma bebida teve um conceito íntimo, o bicho de estimação, a outra se ancorou na ideia de que o ser humano tem asas, ainda que metafóricas, capazes de fazer com que supere obstáculos tidos como impossíveis.
Aos 27 anos, Gustavo é prova disso. “Venho galgando degraus na minha carreira sem passar por cima de ninguém. Sou o primeiro bartender de Minas Gerais a conquistar um campeonato internacional e estou entre os dez do país”, comemora ele, que com as duas bebidas foi eleito o melhor bartender da América Latina no Angostura Global Cocktail Challenge 10th Anniversary, da famosa marca de bebidas.
Nascido e criado no Bairro Linhares, Gustavo cresceu na companhia do pai, morto recentemente. Com a mãe, perdeu o contato. A coquetelaria, conta, surgiu ao acaso em sua vida. “Comecei a mexer com bebida em 2009. Por gostar muito de jogos on-line, sempre fui fluente em inglês. Eu ficava na frente do computador me comunicando com o mundo inteiro. Fui desenvolvendo a habilidade de conversar em inglês. Passei a baixar livros de coquetelaria em PDF para ler, em inglês. Em 2011, surgiu a oportunidade de trabalhar no Fátima Buffet. Fui ganhando um dinheirinho, que eu salvava para comprar equipamentos como coqueteleira e esmagador. Em 2015 comecei a fazer eventos por conta própria e criei minha marca. Em 2017 comecei a fazer consultorias para bares e fiz um projeto de curso. No primeiro curso cobrei R$ 15 e chegaram 60 pessoas. Eu estava com medo de dar aulas, não sabia como seria a aceitação, mas todo mundo gostou. Hoje são mais de 200 alunos formados presencialmente e 17 cursos. A Coqueteleira Criativa se transformou num site e estamos empenhados em abrir nossa escola. Quero ter uma escola aqui e coloquei na minha cabeça que conseguiremos fazer esse ano ainda”, emociona-se o profissional, que antes de se dedicar ao mundo das bebidas, atuou como operador de telemarketing.
‘Daqui até 2020 é 100% de foco’
Considerado um dos mais importantes concursos da coquetelaria no mundo, o Angostura Global Cocktail Challenge elege, a cada dois anos, um novo embaixador para a marca. “É a pessoa que viaja o mundo representando a marca”, explica Gustavo Ferreira Costa.
A atual edição começou no final de 2018, com várias etapas on-line presenciais, testes e exames. Em agosto passado o juiz-forano foi eleito o primeiro de dois campões do Brasil. Este mês, viajo para o Peru para competir, no último dia 15, com o outro brasileiro e dois peruanos. Rigoroso, o campeonato oferece dez minutos para que os competidores montem todo o mise en place. Em outros sete minutos eles devem apresentar o conceito dos coquetéis e defender o que os produtos da marca trazem para as bebidas. Em três minutos o bartender deve limpar a estação de trabalho. São pontuados aspectos como aparência, linguagem, gestual, técnica, receita e sabor.
No dia 23 de fevereiro de 2020, acontece a etapa global, a grande final, com campeões de todos os continentes. Em Trinidad e Tobago, onde a competição chega ao fim, os finalistas irão visitar a fábrica da marca que se orgulha em divulgar a existência de apenas quatro pessoas no mundo a conhecer suas receitas. Como prêmio, o melhor bartender do mundo ganhará um contrato de dois anos com a marca, além de U$ 10 mil. Nas dez premiações, o Brasil nunca fez um campeão global. Gustavo quer ser o primeiro. “Daqui até 2020, é 100% de foco, pensando no que posso aperfeiçoar do que apresentei no Peru. Agora não sou mais o Gustavo, sou a América Latina.”
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