Juiz-foranos formam corrente de fé para enfrentar pandemia

Em meio a um cenário de incertezas e de uma situação nunca antes imaginada, muitas pessoas estão se apegando à fé para enfrentar a pandemia do coronavírus. Em Juiz de Fora, desde o início desta semana, uma corrente se formou depois que o padre Pierre Maurício, pároco da Igreja São José e responsável pela Missa do Impossível, fez uma postagem lembrando uma passagem bíblica. Cruzes estão sendo pintadas, desenhadas e coladas nas portas. Uma padaria no Centro da cidade está, inclusive, disponibilizado folhas com cruzes aos clientes. Outro chamado feito pelo religioso é para que neste domingo (22), os católicos celebrem e enfeitem suas casas para orar.

Padaria Marbel, no Centro, disponibilizou material para fiéis que quiserem participar (Foto: Arquivo pessoal)

O texto que faz menção à cruz nas portas está em Êxodo, capítulo 12, e diz que “O sangue será um sinal para indicar as casas em que vocês estiverem; quando eu vir o sangue, passarei adiante. A praga de destruição não os atingirá quando eu ferir o Egito.” A ideia da cruz na porta surge, exatamente, pois no Antigo Testamento, quando o povo sofria com as pragas, Deus pediu que marcassem as portas com o sangue do cordeiro, já um prenúncio da vinda de Jesus. “Marcar as portas com a cruz é uma afirmação de que confiamos em Deus, que esta casa é uma morada de Deus, que habita Deus, buscando no Senhor o alento para este momento tão triste, de desolação. Que esta cruz seja o sinal de Deus nesse momento”, disse o religioso.

Depois que o padre falou sobre a passagem e o ato de colocar as cruzes, a mensagem foi amplamente divulgada no WhatsApp e em redes sociais. Centenas de juiz-foranos que estão na cidade e até em outros países, começaram a compartilhar as fotos de suas portas com os sinais. “Meu sentimento é de gratidão. Muitas pessoas estão aderindo ao pedido e isso é graça. Minha missão é anunciar a boa nova de Deus. Nesse tempo de tanta incerteza e angústia, essa expressão de fé é um alento. Fiquei muito contente ao saber que uma padaria colocou na porta várias cruzes desenhadas no papel para que os fregueses levassem. Essas ações ajudam a difundir os ensinamentos deixados por Jesus nos evangelhos. E aparecem como luz em momentos sombrios como o que estamos vivendo”, destacou o padre.

Orações em casa

Desde quarta-feira (18), todas as celebrações religiosas foram proibidas na cidade. Porém, o padre lembra que é preciso se manter em oração e próximo de Deus. “Deus precisa ser nosso refúgio. Tendo as igrejas fechadas, é preciso que a gente entenda que nossa casa é chamada a ser nossa igreja. Por isso, é importante a oração, a sintonia com Deus, estarmos em contato com o céu. Essa cruz na nossa porta vai exatamente nesta direção, fazer da minha casa, casa de Deus. Pedindo que Ele acalente nosso coração, acalme nossas desesperanças e que possamos esperar confiantes. Claro, tendo a consciência de que precisamos seguir todas as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), lavar as mãos, ficar em casa. A tempestade passa, mas cada um precisa fazer sua parte”, comentou.

“Domingo, dia do Senhor”

Tradicionalmente, os cristão vão à igrejas aos domingos. Com a proibição das missas para ajudar a barrar a contaminação de corona, Padre Pierre transmitirá uma missa ao vivo neste domingo, às 11h, em seu Instagram e Facebook. Mas, além disso, pede que os católicos, como se fossem à uma celebração física, se arrumem e enfeitem suas casas. Para ele, é uma expressão de fé. “Diante dessa situação causa pelo coronavírus, meu pedido é: não saia, fique em casa. Te convido a se arrumar, abrir a janela de sua casa, colocar uma bonita toalha nela , um vaso de flor, uma planta e demonstrar a todos ali à sua volta que domingo é dia do Senhor. Faça de sua casa a igreja doméstica”, disse, pedindo que as pessoas enviem fotos a ele para serem publicadas em suas redes sociais.

A Missa do Impossível, celebração já tradicional realizada às terças-feiras, também está sendo transmitida ao vivo, pelo Instagram do padre.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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