Medidas de restrição começam nesta segunda

A partir desta segunda-feira (29), entrarão em vigor, em Juiz de Fora, as medidas de restrição ao funcionamento de lanchonetes, padarias e restaurantes no município. A decisão foi tomada pela Prefeitura, na última quinta (25), durante reunião do Comitê de Prevenção e Enfrentamento ao Coronavírus, e consta em decreto publicado, neste sábado (27). A deliberação pelas novas intervenções aconteceu depois da constatação do aumento de 166% dos casos confirmados de Covid-19, na cidade, entre os dias 14 e 20 de junho.

Segundo a decisão, os restaurantes passarão a funcionar em dias úteis, somente das 11h às 15h. Nos sábados, domingos e feriados, as vendas acontecerão apenas por entrega ou retirada no balcão. As lanchonetes e padarias, por sua vez, estarão proibidas de colocar mesas e cadeiras nas calçadas. A venda de bebidas alcoólicas por estes estabelecimentos continuará permitida, desde que apenas para consumo domiciliar. Conforme o Decreto 13.975/2020, o funcionamento de bares continuará vedado. Autorizadas pelo mesmo dispositivo, as celebrações religiosas com até 30 pessoas seriam novamente proibidas. As missas, os cultos e as reuniões seriam permitidas apenas de forma remota, mas a Prefeitura voltou atrás na decisão, uma vez que o decreto publicado, neste sábado, não trouxe a determinação.

As medidas repercutiram entre os segmentos que serão afetados. No caso de bares, restaurantes e padarias, há a concordância de que ações devem ser empregadas, a fim de resguardar a população juiz-forana do avanço das infecções por coronavírus, mas existe uma preocupação com o impacto que essas medidas possam acarretar para o setor, que já se vê às voltas com as demissões.

O coordenador-executivo do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Juiz de Fora (SHRBSJF), Rogério Barros, ressalta que, no ramo que representa, a maior aflição diz respeito à possibilidade do emprego de lockdown, o que acarretaria prejuízos irrecuperáveis para o setor. “Esperamos que essas determinações tomadas agora sejam as últimas restrições para o setor de restaurantes, porque os bares já estão fechados, e esperamos que sejam capaz de evitar o lockdown, porque nesses segmentos já se demitiu muito nestes últimos dias, e o movimento de clientes está muito fraco”, ressaltou Barros, acrescentando já ocorreram entre 600 e 800 demissões.

Ele lembrou que, ao longo deste período de quarentena, os restaurantes vêm se mantendo, mas com um movimento de apenas 30%. “O delivery não trouxe uma solução, as comidas a quilo também apresentam um movimento muito reduzido e, com a pessoas ficando mais em casa, o movimento tem caído ainda mais” preocupa-se. Segundo Barros, quando houve o fechamento dos bares, o sindicato estudou a possibilidade de entrar com um mandado de segurança para garantir a abertura. “Mas, agora, entendemos que o momento não é propício para esse tipo de ação. Mas nossa reivindicação para o Município é o aumento do número de leitos disponíveis na cidade, porque o maior número de leitos dá uma sustentação na retaguarda do sistema de saúde. Assim, poderemos o mais breve possível voltar à nossa normalidade no comércio”.

O coordenar-executivo do SHRBSJF relatou que as dificuldades para os empresários estão grandes, sendo impossível evitar demissões. “Temos o caso de um empresário aqui do sindicato que tinha 12 funcionários, passou para oito e agora vai precisar ficar com apenas quatro e sem saber se poderá mantê-los. Mas ressalto que é importante a participação da população, que precisa atender ao clamor das autoridades de ficar em casa, pois o contrário atrapalha a recuperação da atividades econômicas.”

‘Vamos respeitar’, diz Sindipan/JF

No setor das panificadoras, os estabelecimentos da região Central da cidade são os que mais têm contado prejuízos, conforme o presidente do Sindicato das Indústrias da Panificação e Confeitaria de Juiz de Fora (Sindipan/JF), Heveraldo Lima de Castro. Segundo ele, devido a menor circulação de pessoas, essas padarias tiveram queda nas vendas, fato que não aconteceu nos bairros, onde o movimento de clientes tem se mantido normal. “O setor vai cumprir o que a Prefeitura determinou. Não vamos deixar mesas no lado de fora e vamos respeitar as restrições, o que já vem sendo cumprido. Nas padarias que servem almoço, os funcionários estão paramentados com luvas e as mesas guardam a distância necessária”, afirma Castro, acrescentando que as novas medidas não representam muitas mudanças na área.

Celebrações religiosas mantidas

Acerca da suspensão das celebrações nos templos religiosos, que havia sido anunciada na quinta-feira, a Prefeitura comunicou uma mudança de posição após solicitação do Conselho de Pastores de Juiz de Fora (Conpas) e da Arquidiocese de Juiz de Fora de Juiz de Fora. Assim, ficam permitidos os cultos com até 30 pessoas até esta terça (30), quando o assunto será levado novamente ao comitê para discussão.

Antes de a Prefeitura rever seu posicionamento, o presidente do Conpas, pastor Charles Marçal, havia afirmado à Tribuna que não concordava com a determinação. “Infelizmente, desde que começou a pandemia, há um ruído na comunicação com o segmento religioso, pois está havendo a tomada de decisões de forma unilateral e só somos comunicados depois.”

De acordo com ele, o culto com 30 pessoas não é o ideal, mas vem atendendo àqueles com maior necessidade de apoio religioso. “Sou psicólogo e tenho observado o aumento da demanda nessa área com crescimento de casos de depressão, suicídio, tentativas de suicídio, alcoolismo, por causa do desemprego, da impotência de ter que ficar em casa. Se realmente a preocupação fosse com a saúde, acho que não seria justo impedir a pessoa de ganhar o seu pão de cada dia, causando outras formas de estresse, como, inclusive, conflitos familiares e brigas. Estão querendo resolver o problema, criando outros mais graves.”

A Arquidiocese de Juiz de Fora não chegou a comentar o assunto, pois, quando procurada pela Tribuna na tarde de sexta-feira, informou que não tinha sido oficialmente comunicada da decisão da Prefeitura e, por isso, aguardaria um comunicado.

 

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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