Ministério da Saúde trata caso em JF como suspeito de coronavírus

Tribuna esteve na porta do Hospital Doutor João Penido nesta quinta-feira e apurou que o clima é de tranquilidade (Foto: Fernando Priamo)

O Ministério da Saúde confirmou, nesta quinta-feira (27), um caso suspeito de coronavírus (Covid-19) em Juiz de Fora. A informação foi divulgada pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) em entrevista coletiva à imprensa. Nesta quarta (26), uma mulher, de idade não informada, deu entrada no Hospital Doutor Geraldo Mozart Teixeira (HPS) com sintomas compatíveis aos da doença. Segundo a Secretaria de Saúde, ela apresentou febre, dor de garganta e secreção clara. Ainda na quarta, seguindo protocolo de isolamento, a paciente foi encaminhada ao Hospital Regional Doutor João Penido, centro de referência para o caso. Uma amostra laboratorial da paciente foi enviada para avaliação em Belo Horizonte.
Segundo a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), administradora do João Penido, a paciente apresentava quadro estável nesta quinta-feira. De acordo com a Secretaria de Saúde, ela chegou recentemente da Itália e foi encaminhada ao hospital na última quarta pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que informou ter sido acionado por volta de 16h40. O serviço afirmou que seguiu protocolo do Ministério da Saúde, com a equipe devidamente paramentada para realização do transporte da paciente.

A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) capacitará, na próxima semana, toda a rede de assistência à saúde do município. O intuito é orientar os profissionais sobre como proceder caso surjam novos registros suspeitos do coronavírus na cidade. A capacitação envolverá todas as unidades básicas de saúde (UBSs), de urgência e emergência e de pronto atendimento, a Regional Leste, o Pronto Atendimento Infantil (PAI) e o HPS, além da rede particular. A medida foi definida na tarde desta quinta, após reunião entre representantes da Secretaria de Saúde e da equipe técnica da Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora.

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Conforme a secretaria, há três situações possíveis da doença (ver quadro). A Prefeitura reforça a importância de a população se conscientizar e buscar uma unidade de saúde caso sejam verificados sintomas que se enquadrem em algum dos cenários apontados.

João Penido

A Fhemig informou que, por precaução, o Hospital Doutor João Penido está tomando as providências previstas em protocolo clínico. De acordo com nota disponível no site da SES, em casos suspeitos da doença, a conduta prevê fornecimento de máscara cirúrgica para o paciente, bem como a condução do mesmo para uma sala isolada. Os profissionais de saúde também devem utilizar vestimentas e acessórios de proteção, sendo que todo equipamento deve ser descartado após utilização, com exceção da proteção ocular.

A Tribuna esteve na porta do Hospital Doutor João Penido nesta quinta-feira e apurou que o clima é de tranquilidade. Os funcionários não circulavam com materiais como luvas e máscaras, e tanto pessoas que trabalham no local, como acompanhantes de pacientes internados, disseram que os médicos estão repassando orientações de higiene, especialmente, em relação à forma correta de lavar as mãos. A informação é de que ninguém, exceto a equipe do João Penido, tem acesso ao local em que a paciente está isolada.

Cinco casos são investigados em Minas Gerais

Até a tarde desta quinta, cinco suspeitas de coronavírus eram investigadas em Minas Gerais. Além de Juiz de Fora, Montes Claros, no norte do estado, tem um caso em investigação, e Belo Horizonte, três. A SES informou que tem recebido dezenas de notificações de pacientes com sintomas que podem estar relacionados ao coronavírus, no entanto, as mesmas ainda não são consideradas suspeitas. Apesar disso, o secretário estadual de saúde, o médico juiz-forano Carlos Eduardo Amaral Pereira da Silva, afirmou que a partir do momento em que há a notificação, a pasta orienta o isolamento e a adoção de medidas protocolares, até que o caso seja comprovado ou descartado. “Há uma diferença muito grande em isolamento respiratório e a confirmação. O isolamento é para se evitar o risco da pessoa, possivelmente, ficar transmitindo o vírus. Esse isolamento pode ser domiciliar ou hospitalar, depende da gravidade”, pontuou.

Na coletiva realizada nesta quinta, o secretário explicou ainda que a orientação em relação às notificações segue um protocolo até o caso ser considerado ou não como suspeito para Covid-19 pelo Ministério da Saúde. Conforme o titular, a orientação é que as unidades de saúde entrem em contato com as secretarias estaduais e municipais caso atendam pacientes com quadro febril, manifestações respiratórias e outros sintomas da doença, associados a viagem recente para outros países ou a contato com pessoas que tenham viajado para o exterior.

“O Município deverá fazer a avaliação do paciente e proceder a internação ou isolamento, conforme o quadro clínico, e um formulário deverá ser preenchido e enviado ao Ministério da Saúde. Após a avaliação do órgão, com critérios para confirmar ou não casos suspeitos, a informação é divulgada. É orientada a coleta de dois frascos de amostras, e a Saúde manterá o monitoramento dos contatos da pessoa”, explicou o secretário. “A população tem que ficar atenta aos cuidados com higiene respiratória. Esse tipo de medida é importante para evitar a propagação do vírus”, recomenda.

Situação de emergência

O Governo de Minas publicará, nos próximos dias, um decreto de emergência em saúde pública para garantir maior agilidade na contratação de serviços, leitos, equipamentos e medicamentos para pacientes com suspeita de Covid-19 no estado. Conforme o secretário, o decreto está em fase de estudo pela consultoria técnico-legislativa e ainda passará pela Defesa Civil antes de ser publicado. “Temos que nos preparar para cenários simples, mas também para aqueles que demandem uma maior capacidade de reação. Nosso objetivo é nos alinhar ao Ministério da Saúde para que isso possa possibilitar mais agilidade ao Estado”, afirmou Carlos Eduardo.

Conforme o titular, há um processo de licitação para a aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs) como máscaras, aventais, luvas e óculos em aberto. O material adquirido deverá ser encaminhado aos hospitais e unidades de saúde que necessitarem de reforço. O secretário pontuou, no entanto, que o EPI deve ser utilizado por pessoas com quadro viral, a fim de que se evite a contaminação de outras pessoas. Além delas, o uso é recomendado a profissionais de saúde.

De acordo com o secretário, até o momento, o governo empregou R$ 600 mil em campanhas e medidas para conter o coronavírus em Minas. Segundo ele, o Estado fará um remanejamento financeiro para disponibilizar recursos para a área, a depender da propagação do vírus.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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