Miss Plus Size Juiz de Fora, Júlia Porto concorre a etapa estadual em julho

O universo Miss está em expansão em Juiz de Fora. Em julho, a cidade envia uma representante para disputar a etapa estadual do concurso Miss Plus Size. A juiz-forana Júlia Porto, 21 anos, foi eleita Miss no último sábado (13), disputando com outras 19 candidatas, sob organização do Movimento Plus. Em entrevista à Tribuna, a estudante de Pedagogia disse que ainda não se acostumou com a coroa que agora carrega na cabeça, mas já leva a sério a responsabilidade de dialogar sobre a questão plus size.

Depois de entrar no mundo da moda como modelo de fotografias, no ano passado, o concurso de Miss veio como mais um desafio, que levou Júlia a enfrentar a timidez e levar seu processo de aceitação do próprio corpo a um novo patamar. Para ela, o resultado veio com surpresa. “Eu não tinha expectativa de ganhar. A maioria das meninas estava muito nervosa, querendo dar o melhor e impressionar, que é o normal de todo mundo, mas como eu estava muito tranquila, pensei ‘estou aqui mais por mim, para tirar a timidez e parar com a vergonha’. O que mais me deixa feliz foi que eu consegui passar quem eu sou para os jurados. Depois recebi mensagens deles, dizendo que tive suavidade ao falar, delicadeza ao andar, que meu sorriso e carisma encantaram, que eles fizeram a escolha certa para representar essas pessoas.”

O concurso também elegeu a Miss Simpatia Plus Size 2019 Jheinifer Paulino, 22, estudante de Medicina Veterinária, e a Princesa Plus Size 2019, Thalia Souza, 19, cantora.

Desmistificando padrões

Sua visão de si mesma, no entanto, nem sempre foi a mesma. Assim como muitas mulheres, Júlia passou e vem passando pela experiência de reconhecer suas belezas, sem se preocupar em se encaixar em padrões impostos pela sociedade e replicados nas mídias. Sua luta pessoal começou desde muito jovem, quando viveu episódios de bullying e investiu em dietas extremas para que se sentisse melhor consigo mesma. “Quando comecei a ter uma noção de mim mesma, a me conhecer, com 8 ou 9 anos, eu já sofria bullying na escola, e isso me trouxe um processo de não aceitação. Durante a adolescência, no período de sair para festas, nunca gostei de participar, tive vergonha. Sempre fui muito reprimida, pra baixo. Quando fiz 16 anos fiz uma dieta louca, tomando remédios por dois anos, e perdi 15 quilos. Depois não consegui continuar, engordei e a autoestima foi lá embaixo, uma época muito difícil. Mas desde que integrei o Movimento Plus e vi que não estava sozinha, foi ficando mais fácil me aceitar”, conta Júlia, que veste manequim 50/52.

Hoje, a Miss tem outro pensamento, e diz que quer passar adiante a consciência de si e o empoderamento dos plus size. Para ela, todas as pessoas têm seu lugar na sociedade e a questão não é buscar a igualdade, afinal, ninguém é igual. “Estamos em busca de equidade, respeito às diferenças, do gordo, do magro, do negro, do branco, do índio, porque ninguém é igual. Não somos piores do que ninguém porque temos peso a mais, são padrões criados pela sociedade e queremos quebrar isso. Também queremos ser incluídos. O gordo não tem acessibilidade, inclusive em meios de transporte, precisamos de uma poltrona e um espaço maior”, expressa. Questionada sobre a mensagem que deixa às pessoas gordas, a Miss ressalta: “Elas podem tudo que elas quiserem, basta elas terem amor próprio e não aceitarem o que os outros falam. Não é porque somos gordos que não podemos vestir certo tipo de roupa ou comer em público porque vão olhar para a gente. Temos que ir à luta.”

Jheinifer Paulino, eleita Miss Simpatia Plus Size 2019 (Foto: Marcelo Ribeiro)

A beleza da diversidade

Helena Gomes de Sá, autora do Blog Garotas Rosa Choque, foi uma das oito juradas que elegeram Júlia Porto para vestir a faixa de Miss Plus Size Juiz de Fora. Segundo ela, as características que o concurso buscou nas mulheres para eleger uma representante da cidade foi muito diferente dos concursos tradicionais de Miss. Se importando com a inclusão e representatividade de todos os perfis de mulheres, o concurso foi muito além da beleza. “Elas não precisam ter um certo tipo de corpo ou cabelo. Pode ser baixinha, alta, mais ou menos gorda, com celulite, isso não interessa. Avaliamos mais a presença, o charme, a simpatia e a forma como desfilavam com segurança. O principal para mim foi como elas falaram, porque tiveram perguntas para as candidatas e a mensagem que elas passaram foi decisiva para eu escolher. E a mensagem que esse concurso passa é essa, que não tem um padrão para a beleza, ela vem em todos os tamanhos, formas ou cores. Tinha candidatas negras, com cabelo crespo, liso, com e sem tatuagem, casadas, com filhos. Essa foi a beleza do evento”, destaca.

Thalia Souza, eleita Princesa Plus Size 2019 (Foto: Marcelo Ribeiro)

E o que chamou atenção em Júlia Porto entre tantas candidatas? “Além de ser muito bonita, ela é muito simpática, tem uma presença de forma que ela se impõe quando chega ao lugar. Isso todas elas têm, tanto ela quanto a Princesa (Thalia Souza) tinham muito isso, elas conseguiram passar segurança não só para o jurados, mas para o público, (mostravam) que estavam felizes com quem elas são e o corpo que têm”, explica a jurada.

Agora, a Miss deverá se preparar para a segunda etapa, onde irá enfrentar a passarela de Belo Horizonte no dia 27 de julho. Até lá muito deverá ser trabalhado para se adaptar à nova posição e investir naquilo que mais a valoriza. “Eu acho que agora ela tem que desenvolver mais a presença dela e ficar menos nervosa. Porque nós notamos que, apesar de estarem muito felizes, todas elas estavam muito nervosas. A Júlia estava menos nervosa que as demais, então agora é trabalhar a segurança dela e algo que seja único dela para mostrar essa originalidade quando representar Juiz de Fora.”

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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