Moradora de Juiz de Fora completa 100 anos em meio à pandemia

Dona Ilita de Souza Teixeira não pôde ganhar uma festa de aniversário em 2021, mas comemorou junto aos filhos e netos mais próximos (Foto: Arquivo Pessoal)

A comemoração que seria feita na ocasião do 100º aniversário de Ilita de Souza Teixeira, na última quarta-feira (3), que era planejada já há algum tempo por seus familiares, precisou ser cancelada em função da pandemia de Covid-19. Embora não tenha sido possível receber filhos, netos e bisnetos, que estão espalhados não só por Juiz de Fora, mas também por outras cidades e estados, como ocorreria em outros tempos, dona Ilita não se incomodou. A agora centenária, que preza pela autonomia e se mantém ativa, inclusive morando sozinha, diz não ser muito chegada a festas. Ela não escapou, no entanto, de apagar as velas do bolo que ganhou dos familiares mais próximos, que fizeram questão de não deixar a data passar sem ser celebrada de alguma forma.

A centenária cresceu na Zona Rural de Tabuleiro, a 60 quilômetros de Juiz de Fora, onde nasceu, no ano de 1921. Ela se casou e teve oito filhos. O marido, Alfredo, adoeceu, e, em busca de tratamento para ele, quando tinha cerca de 25 anos de idade, Ilita veio para Juiz de Fora, onde se estabeleceu. Alfredo faleceu, e ela continuou trabalhando sozinha para criar seus filhos. Mais tarde, quando eles estavam encaminhados, ela também apoiou a criação dos netos. Além dos oito filhos – dois já falecidos -, Ilita também tem 16 netos e 25 bisnetos.

Apesar da grande família, ela prefere morar sozinha, recebendo acompanhamento de filhos e netos. “Sempre vivi no meio de muitas pessoas, e hoje vivo sozinha. Moro sozinha e cuido de todas as minhas coisas. Canto o dia inteiro, vou orar, pedir a Deus para todos nesse mundo viverem bem, em paz”, conta Ilita. Ela diz que gostava muito de costurar e bordar, mas como não enxerga mais tão bem, deixou as atividades com agulhas de lado. “Mas faço comida, lavo minha roupa e arrumo minha casa.”

Em entrevista à Tribuna, ela também diz que tem saudades do campo, onde trabalhou com plantação por boa parte da juventude. “Eu gosto de roça, gosto muito de ficar lá, ver a mata, ouvir os passarinhos cantarem. Sinto falta da minha antiga morada, onde meu pai me criou, tenho muita saudade de lá. Mas não tem mais jeito de voltar”, relembra.

‘Quero viver muito ainda’

Neste aniversário, o pedido que dona Ilita fez foi a manutenção de suas forças para ir além. “Eu não quero morrer não, quero viver muito ainda. Pedi a Deus para me dar muita força para eu ir muito longe. Andando e trabalhando, fazendo minhas coisas. Se doer, ando mancando e vou em frente.”

Para a centenária, a rotina regrada e saudável são os passos para alcançar, com vitalidade, a longevidade. “O conselho que sempre dou é se alimentar bem, dormir bem, não frequentar muita farra. Tem farra que atrasa muito a vida da pessoa. A vida é muito boa, tem que ter amor, união, paz com todos. Tendo união é muito bom viver. Desavença não presta não”, ensina.

Embora tímida, dona Ilita gosta de dividir as experiências que acumulou ao longo de sua trajetória, especialmente com os netos e bisnetos. Uma de suas mais recentes aventuras, anterior à chegada do coronavírus, foi conhecer o mar, algo que fez ao lado de seus seus descendentes em uma viagem que fez para visitar um de seus filhos. “Conheci a praia e vi meu filho, que não via há muito tempo. Fiquei tão satisfeita…”, conta.
Pandemia

De acordo com a neta Renata Cristina Teixeira Garcia Couto, a pandemia não assustou a avó, que diz que já viveu muitas coisas. “O psicológico dela está muito bem. Ela fica um pouco incomodada com a máscara, mas explicamos direitinho e ela usa sem problemas. Ela venceu muitas batalhas, muitas dificuldades, é uma mulher de muita garra. Dona Ilita é um exemplo de pessoa. É carinhosa e muito dedicada à família. Reza por todos, não se esquece de ninguém, é o orgulho da família.”

Já dona Ilita, embora seja caseira, não gosta de ser limitada pelo surto de Covid-19. “Ficar em casa com a pandemia é horrível. As pessoas ficam mais doentes, de um jeito ou de outro. Eu rezo para que essa pandemia seja levada para longe e acabe logo”. Os planos dela também incluem comemorar os 110 anos, sem precisar usar máscaras para se proteger.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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