Morre, aos 70 anos, o cantor e compositor Flavinho da Juventude

Flavinho, em 2014, dias antes do lançamento do CD “Flavinho da Juventude – uma História de Vida (Foto: Felipe Couri/Arquivo TM)

A cultura de Juiz de Fora está em luto. A cidade perdeu, neste sábado (19), o cantor e compositor Flavinho da Juventude. Considerado um dos mais talentosos e requisitados nomes do samba contemporâneo, Flávio Aloísio Carneiro morreu vítima de complicações de diabetes, aos 70 anos de idade. Flavinho estava internado desde a última semana no Hospital Maternidade Therezinha de Jesus.

Pelas redes sociais, muitas pessoas externaram sua tristeza diante da partida de uma das principais referências do samba de Juiz de Fora. A sambista Sandra Portella escreveu “Meu Mestre Flavinho da Juventude, a quem devo tantos ensinamentos, se foi.. Ele me ensinou a perceber o racismo, a lutar pelos meus sonhos. Com ele aprendi a amar Cartola, Chico Buarque, os Novos Baianos e os Sambas de Enredo. Flavinho era politizado, indomado, debochado, irreverente, alegre, um ser humano incrível, um intérprete diferenciado e com timbre único, um grande compositor premiado, um bravo guerreiro da vida”.

Assim como ela, vários artistas, políticos, amigos e familiares demonstram respeito e admiração em diversas postagens. A Funalfa, local onde se dedicou por alguns anos, emitiu nota de pesar ressaltando a alegria e a versatilidade de Flavinho nos palcos e na sua trajetória como intérprete.

O corpo será velado no Cemitério Municipal, e o sepultamento irá acontecer neste domingo (20), às 10h.

História

Formado em química, foi no samba que ele fez sua carreira e escreveu seu nome na história da música juiz-forana. A trajetória artística dele seguia junto de sua militância social. Filho de mãe lavadeira, era analfabeto até os 21 anos. Foi engraxate e fez bicos em diversas áreas e, aos 52 anos, formou-se em química pela Universidade Federal de Juiz de Fora.

Flavinho da Juventude também assinou como autor ou co-autor mais de 40 composições. Algumas delas foram ecoadas durante desfiles de carnaval como no enredo da Juventude Imperial, sua escola de coração, Suas canções também enredaram a Turunas do Riachuelo e Águia de Ouro.

Conforme a Funalfa, em parceria com Roberto Medeiros, criou “Zumbi, Rei Negro de Palmares”, que levou a Juventude Imperial ao tetracampeonato em 1973. Em 1979, deu vida a outro sucesso do carnaval de Juiz de Fora intitulado “A Juventude Tem um Tarol, que Anuncia a Morte do Rei Sol”, com Hegel Pontes. Em 2004, brindou a escola com mais um samba-enredo: “Martinho de Todas as Vilas”, em parceria com Messias da Rocha.

Dez anos depois, já celebrando cinco décadas como cantor e compositor, lançou o CD “Flavinho da Juventude – uma História de Vida”. Flavinho presidiu ainda o Batuque Afro-brasileiro de Nelson Silva, foi membro do Conselho Municipal de Valorização da Pessoa Negra, vice-presidente do Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência Física e militante em defesa das causas LGBTQIA+.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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