Mortalidade materna apresenta alto índice em JF

Dados foram divulgados durante seminário promovido pela Secretaria de Saúde; plano de regionalização de assistência pré-natal pode facilitar acesso a atendimento para gestantes (Foto: Olavo Prazeres)

A mortalidade materna em Juiz de Fora é considerada alta, considerando os parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2015, o índice na cidade foi maior, inclusive, que a taxa brasileira. Os dados municipais foram apresentados pelo Comitê de Prevenção à Mortalidade Materna de Juiz de Fora no seminário ‘Sensibilização dos diferentes níveis de atenção à saúde da gestante, puérpera e do recém-nascido em Juiz de Fora’, promovido pela Secretaria de Saúde (SS) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). A fim de facilitar o acesso de gestantes ao serviço de saúde, a pasta também divulgou um projeto para implantação de regionalização da assistência ao pré-natal e parto.
Em 2018, foram registrados sete óbitos no município, o que representa uma razão proporcional de mortalidade materna de 92 por cem mil nascidos vivos. Para se ter uma noção, em 2015, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) determinava que a meta brasileira deveria ser de até 35 mortes maternas para cada cem mil nascidos vivos. Em Juiz de Fora, a taxa, em 2015, foi de 74 por cem mil nascidos vivos, maior que o registrado no Brasil: 62 por cem mil nascidos vivos. Conforme os parâmetros para razão de mortalidade materna da OMS, o índice é classificado como alto entre 50 e 99 óbitos por cem mil nascidos vivos.

De acordo com a enfermeira obstetra do Comitê Municipal de Prevenção à Mortalidade Materna, Wilma Lúcia Braga Rangel, responsável por apresentar os dados durante o seminário, algumas medidas poderiam ser tomadas para auxiliar na redução do índice de morte materna, que diz respeito à morte da mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação, causada por fatores relacionados ou agravados pela gravidez. “É preciso melhorar o vínculo de trabalho dos profissionais, ou seja, os profissionais têm que ser de carreira no serviço público, não com vínculos precários, por exemplo, de contrato. Outra coisa: capacitação e educação permanente em serviço. Isso é muito importante porque tem colegas médicos e enfermeiros que vêm com uma carga de conhecimento científico da formação ou do local que trabalharam mas ainda não foram capacitados localmente.”

Já para a presidente do Comitê de Prevenção à Mortalidade Materna Infantil e Fetal de Minas Gerais, Regina Amélia de Aguiar, que apresentou os dados nacionais, os índices podem se relacionar aos cuidados durante a gravidez e ao nascimento da criança. “Nós precisamos melhorar o acesso do que chamamos de planejamento reprodutivo, ou seja, uma gravidez segura”, explica. “Precisamos de ações que priorizem a saúde da mulher e a saúde da criança.”

Óbitos infantis e fetais

A meta para o índice de óbitos infantis e fetais, seguindo o ODS, é atingir um dígito, ou seja, abaixo de dez óbitos por mil nascidos vivos. Conforme apresentado pelo enfermeiro intensivista do Comitê de Prevenção à Mortalidade Materna de Juiz de Fora, Fabrício Luís da Silva, o município fechou o ano de 2018 com 11,7 por mil nascidos vivos. Em comparação ao ano de 2017, o índice apresentou um aumento de 13,6%, quando foram registradas, proporcionalmente, 10,3 mortes por mil nascidos vivos.
De acordo com Fabrício, o aumento em 2018 não foi uma surpresa, considerando que a taxa no município não apresenta uma constante, mas que demonstra uma necessidade de organização da rede de atendimento. “Apesar de termos uma queda, existem oscilações. Ano cai, ano sobe. Essa rede não está organizada de uma forma definitiva. A grosso modo, nós podemos falar que ela (taxa) sobe, nós fazemos algo que resolve. Mas essa solução não é duradoura e, no ano seguinte, a taxa volta a subir de novo.”
Apesar disso, de maneira geral, os valores não são desanimadores, segundo Fabrício. O ano de 2017 apresentou o melhor índice na série histórica de dez anos apresentada no seminário. Em 2008, a taxa de mortalidade infantil foi de 17,5 por mil nascidos vivos. “Mesmo com essa taxa, nós melhoramos nesses dez anos, já que houve uma queda de 33,1%.”

Saúde planeja regionalizar assistência pré-natal

Por meio do grupo condutor municipal da Rede Cegonha, a Secretaria de Saúde vem desenvolvendo um estudo a fim de promover a implantação da regionalização da assistência ao pré-natal e ao parto, com intuito de facilitar o acesso da gestante de risco habitual e de alto risco e vincular precocemente a gestante à maternidade na qual realizará o parto, conforme recomenda o Ministério da Saúde.

De acordo com o integrante do grupo e servidor público da pasta, Ivan Chebli, a regionalização estabelece territórios para organizar o atendimento, a fim de propiciar o acesso rápido a serviços básicos e especializados. Entretanto, em relação às gestantes, há uma falha no fluxo para procedimentos necessários. “Com isso, as gestantes têm ‘peregrinado’ em busca de cuidados, em especial de gestantes de risco, o que aumenta a probabilidade de aumentar a razão de mortalidade materna ou mortalidade infantil.”
Ainda segundo Chebli, o objetivo da regionalização é garantir acesso oportuno a maternidades de referência. “Essa territorialização do caminhar da gestante foi desenvolvida pelos técnicos da secretaria municipal de saúde, com grande brilhantismo, definindo para cada região de saúde de Juiz de Fora, uma unidade básica de saúde de referência. Mesmo aquela gestante que está em área descoberta, terá acesso, inicialmente, a uma unidade básica de saúde que será referenciada para serviços de pré-natal.”
O projeto também pressupõe a integração das maternidades de risco habitual em outros municípios próximos a Juiz de Fora, como São João Nepomuceno, Lima Duarte, Santos Dumont e Andrelândia. Conforme Chebli, o plano aguarda, apenas, a definição mais precisa do papel das maternidades de Juiz de Fora na regionalização.

 

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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