Motoristas e cobradores da empresa GIL fazem passeata pelas ruas de JF

Munidos com cartazes com dizeres “Queremos nossos direitos”, “Quero meu salário” e “Goretti, pague o que deve”, trabalhadores da empresa GIL saíram em passeata, na tarde desta segunda-feira (30), percorrendo algumas ruas da região central de Juiz de Fora. De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte e Trânsito (Sinttro), Claudinei Janeiro, o ato deve-se ao fato de a Settra ter passado, neste fim de semana, para a viação Tusmil cinco linhas de ônibus que eram operadas pela GIL. “Enquanto isso o problema do trabalhador, efetivamente, não está sendo resolvido, nem colocado em questão”, ressaltou, acrescentando que as linhas repassadas foram:424 (Aracy), 436 (Linhares), 426 (Grajaú), 412 (Parque Burnier) e 411 (Vitorino Braga).

Com cartazes, funcionários protestaram nas principais vias do Centro (Foto: Fernando Priamo)

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Ainda segundo ele, a mobilização foi realizada pelos trabalhadores e não contou com a organização do Sinttro, que prestou apoio na iniciativa. “Os funcionários estão com seus salários atrasados há três meses, o tíquete-alimentação, no valor de R$ 1.036, também está atrasado e a cesta básica também tem dois meses que não é entregue. Inclusive, o sindicato fez campanha e conseguiu cestas básicas para esses trabalhadores, mas essa arrecadação foi pouca e não atingiu a todos”.

A passeata, em clima pacífico, partiu da Praça da Estação pela Avenida Francisco Bernardino até o Manoel Honório, de onde voltou pela Avenida Rio Branco, passando pela Avenida Getúlio Vargas até o ponto inicial. O percurso foi seguido por policiais militares. Em alguns trechos ao longo do movimento, houve lentidão no trânsito.

Possível decreto de falência

Na última quarta-feira (25), os funcionários da empresa GIL denunciaram que teriam sido tratados com ameaças em uma tentativa de serem colocados para fora do pátio da empresa, no Bairro Vitorino Braga, na Zona Sudeste, e a Polícia Militar precisou ser chamada ao local a fim de garantir a ordem. A situação teria acontecido depois que eles tomaram conhecimento a respeito de uma especulação de que a GIL iria decretar falência. Deste então, os funcionários aguardam uma nova reunião da diretoria da empresa para que haja uma decisão a respeito, já que, naquela quarta, nem todos os sócios da GIL se fizeram presentes em um reunião marcada para tomada de decisão.

“O estatuto da empresa diz que, para se tomar uma decisão, é necessário a presença de todos os sócios e isso não foi possível no último encontro. Ficou adiada essa reunião para a próxima quarta”, afirmou Claudinei. Ele ainda avalia que a passagem das linhas para outra empresa só aumenta a apreensão dos trabalhadores. “A cada dia os funcionários vão vendo seus direitos sumirem, porque, depois, onde esses direitos poderão ser buscados?”, questionou, lembrando que o fundo de garantia dos funcionários não tem sido depositado pela empresa de forma regular há dois anos e quatro meses. “Também tememos que o restante das linhas que hoje estão sob a responsabilidade da GIL sejam transferidas também”, acrescentou.

Um motorista que participava da passeata e preferiu não se identificado disse que a situação é uma falta de respeito com os trabalhadores. “Fizeram essa licitação, e a empresa que pegou transferiu os funcionários para outra empresa. No caso da Goretti, eles ficaram com muitas linhas e parece que agora eles não conseguem tocar, porque tem muita despesa. Especula-se falência, e os funcionários estão à mercê da própria sorte sem seus benefícios, sem seus direitos”, disse, completando: “Se forem passar as linhas para outras empresas, o certo é também manter esses funcionários ou ressarci-los.”

Cobradores e motoristas pedem pela volta do tíque-alimentação (Foto: Fernando Priamo)

Outro motorista que também preferiu não se identificar contou que essa situação apresenta muitas dificuldades para os trabalhadores e suas famílias. “Está muito difícil para quem é funcionário hoje da GIL. Motoristas, cobradores, mecânicos, fiscais, estão enfrentando problemas financeiros. Os empresários à frente da empresa não se manifestam, não sinalizam em pagar ou fazer algo em prol do trabalhador. A verdade é que as linhas estão sendo passadas e, para a gente, nada acontece há semanas”, afirmou. Segundo ele, em casa, a situação, a cada dia, fica mais complicada. “Sempre contamos com o tíquete, que é um reforço e estamos sem ele. Sem plano de saúde e tem muita gente adoentada, sem cesta básica, e as pessoas estão fazendo um bico por fora. Aqueles que não conseguem esse bico estão passando necessidade”, disse.

A Secretaria de Transportes e Trânsito (Settra) informou que “está tomando todas as medidas necessárias para a população não ficar desatendida e que há algum tempo a Tusmil vem operando cinco linhas da GIL, pois a mesma não estava cumprindo com o atendimento.” Em relação à manifestação dos trabalhadores, a Settra afirmou não pode intervir, pois é uma relação entre empresa e funcionários, não cabendo à pasta, que tem como papel manter e fiscalizar o atendimento. Ainda segundo a Settra, não houve informações oficiais de decreto de falência por parte da GIL.

A Tribuna fez contato com a GIL, mas sem êxito até por volta das 17h.

Categoria aguarda pela reunião da próxima quarta e pede pelo fim do impasse (Foto: Fernando Priamo)

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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