Na comunicação, Juracy Neves jamais olhou para trás

Juracy Neves durante inauguração oficial da Tribuna de Minas com Francelino Pereira e Fagundes Neto (Foto: Humberto Nicoline/Arquivo TM)

“Juracy Neves sempre disse ser um homem além do seu tempo: “Nasci fora de época”. Essas palavras fazem parte da abertura do livro “O homem da planície”. Escrita pelo jornalista Paulo Cesar Magela, editor geral da Tribuna de Minas, a obra traz vida, obra e ideias do fundador do jornal, veículo que completa, em 2021, 40 anos de atuação no jornalismo de Juiz de Fora.

Segundo o autor da publicação, a frase, que é recorrente no curso da vida de Juracy Neves, marca a compreensão de um homem a respeito das transformações frequentes que a vida lhe reservou ao longo dos anos. Metamorfoses que o levaram a ser um defensor das mudanças, um arredio às mesmices. Na sua rotina de indivíduo inquieto, continua Paulo César Magela, também está presente no dia a dia do médico e empresário Juracy Neves o provérbio chinês: “Homem da planície, por que sobes tu à montanha? Para melhor olhar a planície…”

Inauguração da nova sede do Grupo Solar, em 1988 (Foto: Roberto Fulgêncio/Arquivo TM)

É do alto da montanha, da altura do seu caráter empreendedor, que Juracy Neves sonhou e concretizou a criação de um projeto de comunicação que, ao longo de quase quatro décadas, conta a história de Juiz de Fora para seus conterrâneos. O Grupo Solar de Comunicação, atualmente formado pelo Jornal Tribuna de Minas e pelas emissoras de rádio Mix (88,9 FM) e CBN Juiz de Fora (91,3 FM), cumpre o papel de registrar, mobilizar e transformar a cidade, sempre na tentativa de devolver-lhe o protagonismo regional.

Cobertura da Tribuna da Inauguração do Mergulhão em 1982

Nesse intento, jornalistas de variadas gerações usaram seu talento para engrandecer o trabalho dos veículos de comunicação que integram o Grupo Solar. Muitos deles já não estão presentes. Outros alcançaram o cenário nacional. Todavia, nenhum apaga a importância da contribuição que Juracy Neves deixou em suas trajetórias profissionais.

“O nome do empresário, médico, amigo Juracy Neves deve ser reverenciado no dia que, infelizmente, ele parte. Como um homem de visão, ele atuou em diversos ramos, sempre com competência. Seja na medicina, na construção civil, na comunicação. Juracy, quando criou a Tribuna, me convidou para ser editor de esportes. Ele usava um lema no jornal que era ‘um jornal novo nas ideias e nos objetivos’.

Juracy era um homem novo nas ideias e nos objetivos, a missão dele foi cumprida. Tenho certeza de que o legado que ele deixa é que a cidade tem que reverenciar constantemente”, destaca o jornalista Márcio Guerra, professor da Faculdade de Comunicação da UFJF e futuro secretário de Comunicação da Prefeitura de Juiz de Fora. “Eu tive muito orgulho de conhecê-lo, tê-lo como patrão, mas, acima de tudo, de tê-lo como amigo. Fica meu abraço para os filhos e meu reconhecimento por tudo que ele fez para Juiz de Fora”, despede-se Márcio.

Juracy Neves discursa na Câmara Municipal, onde recebeu homenagem pelos 30 anos da Tribuna de Minas em 2011 (Foto: Paula Rivello/Arquivo TM)

Uma escola de jornalismo

A jornalista, escritora e documentarista Daniela Arbex, durante 23 anos, atuou como repórter da Tribuna de Minas. Por meio de prêmios nacionais e internacionais, ela elevou o nome do jornal e colocou o jornalismo realizado em Juiz de Fora no cenário brasileiro. Para ela, o fundador e diretor-presidente da Tribuna de Minas era um homem que não poupou esforços para colocar a cidade em destaque. “O Doutor Juracy sempre foi um homem à frente do tempo dele. Um homem apaixonado pela informação, apaixonado por Juiz de Fora, que pôs toda sua força de trabalho em favor da cidade e em favor da comunicação. Para todos nós que tivemos a honra de trabalhar na Tribuna, o jornal sempre foi uma escola de jornalismo, e ver a paixão dele pelo jornal era uma inspiração para nós. Não é à toa que a Tribuna sempre se destacou entre os grandes jornais do país e entre os grandes jornais de Minas Gerais, e isso tem muito a ver com a força, coragem e paixão dele pela Tribuna e pela comunicação”, ressalta Daniela, complementando: “A morte dele é uma perda enorme para todos nós que o conhecemos pessoalmente e para a cidade de Juiz de Fora, que perde um grande homem, um grande comunicador, uma pessoa que sempre lutou pelas causas do município, pela melhoria das condições sociais. Eu estou realmente triste por essa perda, mas agradecida por ter convivido com ele.”

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Edições 00 e 01 da Tribuna de Minas e anúncio da chegada do jornal

Por meio de nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Juiz de Fora lamenta a perda de Juracy Neves e destaca a forma como ele se envolvia com o fazer jornalístico. “O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Juiz de Fora lamenta profundamente a morte do doutor Juracy Neves. Ele representa no jornalismo brasileiro um período em que proprietários e empresários do jornalismo tinham um vínculo mais orgânico com a atividade jornalística. Em um momento importante da vida brasileira, criou o Grupo Solar de Comunicação, tornando-se uma contribuição valorosa para a democracia. Seu legado influenciou todos nós, jornalistas e, certamente, continuará a influenciar as gerações futuras. À família, nossa solidariedade neste momento triste.”

Foi em uma manhã do mês de agosto do ano de 1981 que os juiz-foranos, pela primeira vez, contaram com a Tribuna de Minas para saber os fatos da cidade onde viviam. A versão zero foi distribuída aos leitores de forma gratuita, criando, assim, um vínculo permanente entre a população e o veículo de comunicação. Essa ligação, aliás, foi transformada em afeto, que nunca mais parou de crescer, fazendo do jornal o mais tradicional e mais lido com confiança pelos leitores de Juiz de Fora que, antes da Tribuna, acompanhou, desde a sua emancipação em 1850, a inauguração e o fechamento de 500 outros títulos.

Integração

A Tribuna veio para ficar, e isso se deve a um de seus propósitos iniciais, que era a integração como elemento formador de uma sociedade, fato que foi vislumbrado pelo seu fundador em entrevista para a edição zero: “A comunicação social tem por objetivo fundamental a integração, porque ela é, em última análise, uma batalha, cuja arma é a palavra. Palavra, para mim, é integração, é a união entre uma pessoa e outra. Consequentemente, a comunicação social representa a estruturação, a integração e formação de uma sociedade. O papel do comunicador, por isto mesmo, é de extrema importância, porque ele vai contribuir para que essa modificação opere mediante a reestruturação de cada indivíduo, através da sua mensagem.”

Foi pensando no poder da transformação que Juracy Neves – esse homem da planície que sobe a montanha para olhar para frente, enxergando além dos limites e não temendo ultrapassá-los – vislumbrou a força da comunicação e seu potencial para melhorar a vida de uma cidade e de seus concidadãos. Como bem coloca Paulo Cesar Magella na abertura de seu livro, foi do alto da montanha que o homem da planície “jamais olhou para trás”

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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