Obras de proteção da Represa João Penido estão interrompidas na AMG-3085

Após mais de um ano, permanecem interrompidas as obras de prevenção a danos ambientais previstas na implantação da AMG-3085, estrada que interliga as rodovias BR-040 e MG-353. As intervenções, consideradas importantes, têm por objetivo mitigar os riscos de contaminação de nascentes e da Represa Doutor João Penido, às margens da estrada, no caso de acidentes automobilísticos com eventuais vazamentos de óleos e outros combustíveis.

De acordo com o Departamento de Edificações e Estradas de rodagem do Estado de Minas Gerais (DEER), as obras não têm previsão para reinício em razão da crise financeira enfrentada pelo governo do Estado. O projeto de prevenção a danos ambientais era uma condicionante das obras da estrada e previa a construção de barreiras, caixas coletoras e canaletas de proteção contra resíduos que poderiam contarminar o curso d água na área, situada na região do Bairro Náutico, Zona Norte de Juiz de Fora.

De acordo com o DEER/MG, tais obras tiveram início em setembro de 2018 e foram interrompidas em novembro daquele ano. Embora a previsão de término fosse julho de 2019, até o momento pouco foi feito, conforme informado pela assessoria de comunicação do órgão.

Foto: Fernando Priamo

Em nota, o DEER/MG explicou que “foram realizados diversos serviços previstos na planilha, como a construção de canais, com cerca de 20% executados; barreira new jersey, cerca de 22%; implantação das placas (sinalização horizontal), cerca de 100% e revegetação com semeadura, cerca de 50%”.

Crise financeira

Questionada sobre a razão da interrupção das atividades, o DEER/MG alegou que “a atual gestão do Governo do Estado herdou uma dívida de R$34,5 bilhões da administração anterior. Além disso, o orçamento deste ano tem déficit previsto de R$13,29 bilhões. Diante desse cenário, o Estado tem se empenhado para encontrar alternativas para superar a crise e voltar a investir”, diz a nota.

Vereador cobra retomada dos trabalhos

No início de dezembro, o vereador Marlon Siqueira (MDB) protocolou uma representação contra o DEER/MG cobrando a retomada das obras. Na época, o representante do legislativo local visitou a estrada e constatou a interrupção das obras. “Levando em conta a proximidade da via com a represa, existe o risco grave e iminente de um acidente com um caminhão tanque derramar o conteúdo perigoso no leito e prejudicar o lençol freático, a flora e a fauna de todo o entorno. Pode, inclusive, comprometer o abastecimento da cidade. Estamos dando voz ao pedido de moradores da região que nos acionaram, mas é uma preocupação que deve ser de todos os juiz-foranos”, destacou o vereador, acrescentando que, como não houve resposta, um novo questionamento será enviado ao departamento.

Segundo o vereador, informações recebidas por ele dão conta que apenas dois quilômetros de canaletas, dos cerca de nove previstos, foram construídas. Além disso, não teria sido feita a instalação das caixas de armazenamento e separação do óleo e água, necessárias para mitigar o dano ambiental em caso de acidentes com caminhão-tanque. “A intenção da representação é mostrar que essa obra é de extrema importância para a cidade. É urgente e precisa ser construída antes que aconteça o pior”, destacou Marlon.

Cesama

Responsável pela captação das águas do manancial para tratamento, a Cesama informou que segue monitoramento a represa e, até o momento, não verificou mudanças significativas na qualidade da água do lago. Ressaltou, ainda, que aguarda a posição dos órgãos ambientais competentes sobre a conclusão dos dispositivos de proteção ambiental que compõem a obra em questão.

Foto: Fernando Priamo

Especialista vê risco iminente de acidente

O engenheiro e coordenador do Núcleo de Análise Geoambiental (Nagea) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Cézar Barra, se preocupa com o fato de as obras ambientais não terem sido concluídas. Segundo o especialista, foram feitas canaletas que deveriam levar os produtos, porventura derramados, para caixas impermeabilizadas. Como as últimas não foram feitas, as canaletas transportam os resíduos diretamente para o lago da Represa João Penido.

“Infelizmente, é uma questão de tempo para que isso ocorra. Já houve acidentes com derramamento de produtos não tóxicos, como saibro, que inclusive entupiu algumas canaletas. Se ocorrer algo mais grave, possivelmente, o abastecimento para a cidade terá que ser interrompido, já que não temos tecnologia disponível para separar o poluente da água”, comentou, acrescentando que as barreiras new jersey só teriam eficiência comprovada para servir como obstáculo a carro de passeio, não conseguindo segurar veículos pesados.

Outras condicionantes

Aliado a isso, ele destaca o fato de o fluxo de veículos na via acontecer sem a instalação das condicionantes, como redutores de velocidade. “Estive com alguns alunos na via há alguns dias e, na ocasião, encontramos um lobo guará e cães atropelados. Isso mostra que os condutores estão trafegando ali em alta velocidade. A instalação de redutores estava previsto no projeto inicial, além de ser uma das condicionantes para abertura do tráfego”, disse.

 

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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