Ônibus são removidos das ruas após decisão da Justiça

Com chegada da PM e de novos motoristas, ônibus começaram a ser retirados (Foto: Fernando Priamo)

Após nova liminar expedida pela 1° Vara da Fazenda Pública e Autarquias Municipais de Juiz de Fora, os coletivos de transporte público urbano começaram a ser retirados, na noite desta quarta-feira (22), das principais vias de Juiz de Fora, onde permaneciam estacionados desde o início da manhã, pelo segundo dia consecutivo de paralisação dos rodoviários. De acordo com a tutela de urgência concedida, o Consórcio Manchester e o Consórcio Via JF deveriam retirar os ônibus parados nas vias públicas, já “que estão obstruindo o trânsito e dificultando a circulação de veículos, mesmo que para tanto necessitem utilizar de reboque às suas expensas, no prazo de duas horas, sob pena de multa diária de R$ 30 mil para cada um”. A liminar foi a quarta expedida desde o início da paralisação nessa terça (21).

A determinação da juíza Roberta Araújo de Carvalho Maciel foi cumprida com o auxílio de um efetivo de, aproximadamente, 20 policiais militares e fiscalizada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Os PMs chegaram à esquina da Avenida Getúlio Vargas com a Rua Halfeld, onde o grupo de rodoviários se concentrava, por volta das 19h30, para intermediar, junto à categoria, a remoção dos coletivos. A ação foi acatada por motoristas e cobradores que, contudo, se negaram a retornar com os ônibus para as garagens. Os rodoviários entenderam que não deveriam retirar os veículos, uma vez que a responsabilidade seria das próprias empresas. Na própria antecipação de tutela, Roberta aponta que as viações, “na condição de concessionárias de serviço público, devem se organizar de forma a atender as necessidades inadiáveis da comunidade, evitando prejuízos aos consumidores como os que estão sendo observados em análise”.

O gerente de Operações da Auto Nossa Senhora Aparecida Ltda (Ansal), Alexandro Torres, foi o responsável da empresa do Consórcio Via JF por coordenar a remoção dos veículos. “Vamos começar pelos coletivos da Avenida Getúlio Vargas e depois passaremos para a Avenida Rio Branco. São cerca de 70 profissionais que vão retirar os ônibus. Temos entre 60 e 70 veículos. Os motoristas que vão retirar os ônibus são da Ansal. Eles não estão em greve.” Questionado pela Tribuna se os veículos retornariam às ruas nesta quinta (23) para circulação, Torres não soube responder. “Fui designado apenas para organizar a retirada. Se eles vão rodar amanhã, é outra história. Depende do movimento da categoria.”

Conforme o subtenente da PM William Kennedy, responsável por intermediar a operação junto à categoria, a liminar é clara ao determinar a responsabilidade de as empresas retirarem os coletivos das ruas. “É uma escolha de foro íntimo dos motoristas. Quem quiser entrar no veículo e levar os ônibus para as garagens, vai entrar. Já quem não quiser, não vai entrar. A liminar apenas determina que as próprias empresas procedam com a retirada.” Após a interferência da PM nas discussões, a retirada dos veículos foi iniciada. Quando os ônibus voltaram a circular, os manifestantes aplaudiram ironicamente os colegas que se disponibilizaram a remover os veículos.

Apesar da ordem judicial da 1° Vara da Fazenda Pública e Autarquias Municipais de Juiz de Fora, o movimento paredista da categoria, que, como ressalta o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Juiz de Fora (Sinttro/JF), é de organização espontânea, sem qualquer participação da entidade sindical, segue em andamento. A intenção dos rodoviários é passar mais uma noite na Rua Halfeld. Até o fechamento desta edição da Tribuna, a paralisação passava de 38 horas, em um dos maiores movimentos organizados pela categoria. O secretário do Sinttro/JF, Franklin Wilson Nunes, adverte que a liminar não soluciona o impasse. “O problema foi apenas adiado. Os trabalhadores estão com sangue nos olhos, mas uma decisão como essa é um baque. Desanimadora. Até o momento, a categoria decidiu continuar, mas amanhã é outra história. Os ônibus devem voltar a circular, mesmo com a manutenção da paralisação. O sindicato apenas mostra o caminho para os trabalhadores. Falamos a verdade.” Além de Franklin, o vice-presidente do Sinttro/JF, Claudinei Janeiro, acompanhava o movimento.

Vans escolares
Em meio ao impasse trabalhista que paralisou o sistema de transporte coletivo urbano de Juiz de Fora, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) publicou na noite desta segunda-feira (22) um decreto que autoriza, em caráter emergencial, que motoristas de vans escolares regularmente registradas junto ao Município façam o transporte de passageiros. Desta forma, cerca de 300 motoristas estão autorizados a realizar a atividade de forma excepcional, desde que o valor cobrado pelo serviço seja o mesmo praticado atualmente pelos ônibus que integram o sistema de transporte coletivo municipal. Assim, a tarifa é de R$ 3,75. Após a publicação do decreto, a medida já entrou em vigor e, inicialmente, terá validade até a meia-noite do dia em que o tráfego dos ônibus que fazem o transporte coletivo municipal de Juiz de Fora for restabelecido.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

Pesquisar