Pastores criticam proibição de celebrações religiosas presenciais

Cultos presenciais em templos e igrejas da cidade voltam a ser proibidos. A decisão foi tomada após reunião do Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19 da Prefeitura de Juiz de Fora na noite de terça-feira (3). O encontro teve a participação do arcebispo metropolitano, Dom Gil Moreira, e pastores evangélicos. O Conselho de Pastores de Juiz de Fora (Conpas) criticou a decisão. A Arquidiocese ainda não de pronunciou. As celebrações religiosas com até 30 pessoas haviam sido autorizadas através de uma medida de flexibilização implementada pelo comitê, que voltou atrás na semana passada diante do aumento no número de casos de coronavírus no município.

O presidente do Conselho de Pastores de Juiz de Fora (Conpas), Charles Marçal, participou do encontro. Para ele, a decisão de vetar mais uma vez as celebrações religiosas foi unilateral. “Embora tenhamos sido chamados para participar da reunião, não foi considerado nosso voto e nem se concordaríamos. Não concordo com a decisão, mas vamos acatar. O número de 30 pessoas, que não sei quem projetou, não era o ideal, mas vinha atendendo. Em uma igreja onde cabem 600, 30 pessoas fica extremamente vazia. Ainda assim, atendia, fazíamos três, quatro cultos aos domingos, por exemplo, atendia a quem tinha maior necessidade”, disse o pastor, acrescentando que o culto virtual não é suficiente, já que muitos estão sofrendo com depressão, abuso de álcool e drogas, segundo ele, necessitando de apoio espiritual presencial.

Marçal destacou que todas as precauções sanitárias estavam sendo tomadas, bem como o respeito à regra de só manter, por culto, 30 fiéis. “A igreja está sendo penalizada, imputada de estar contaminando a população. Isso não é verdade. Temos um ambiente salutar, tomamos todas as precauções. A proposta que o Conpas tem é rígida: na entrada é colocado um tapete sanitizador, temos totens com litros de álcool em gel para uso à vontade, os assentos já estavam previamente afastados ou demarcados com, no mínimo, dois metros de distância. Enquanto isso, o transporte urbano está lotado, sem nenhum distanciamento social, o mercado recebendo centenas de pessoas por dia. Essa proibição é um desacato à Constituição, me sinto invadido no meu direito”, afirmou.

O Comitê deliberou que dentro de 14 dias haverá uma nova avaliação.

Projeto que caracteriza celebrações religiosas como essenciais é aprovado na Câmara

Na segunda-feira (29), o projeto de lei que dispõe sobre a caracterização de celebrações religiosas como atividades essenciais foi aprovado em primeira discussão e depende agora de sanção do prefeito Antônio Almas. De autoria do vereador André Mariano (PSL), o projeto prevê que celebrações religiosas sejam mantidas durante estados de emergência ou calamidade pública, sem distinção de credo.

O vereador destacou que “Juiz de Fora reconhece que a questão da fé é importante, mais do que essencial em momentos difíceis como este que estamos vivendo e essa é a essência do projeto. Não resta dúvida sobre o fato de que haverá todos os cuidados com isolamento”. O parlamentar observou também que as igrejas atendem as comunidades para aconselhamentos, além de distribuírem cestas básicas, entre outras atividades.

O autor solicita na justificativa que sejam retomadas as celebrações religiosas, respeitando os protocolos e diretrizes do Programa Minas Consciente, “que aborda a retomada gradual, progressiva e regionalizada, embasada em critérios e dados epidemiológicos, a partir de um monitoramento constante da situação pandêmica”.

Caberá ao prefeito estabelecer regras para garantir a segurança no exercício das atividades essenciais, entre elas as celebrações, sejam dentro ou fora dos templos religiosos. Sobre o projeto de lei,  a assessoria de comunicação da Prefeitura afirmou que  aguarda o recebimento para se manifestar sobre o assunto.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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