Piora de indicadores barra novas flexibilizações em JF

Retorno das aulas presenciais foi uma das pautas da reunião semanal do Comitê Extraordinário Covid-19 (Foto: Divulgação/PJF)

Ao contrário do que aconteceu na semana passada, o Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 não debateu, durante a reunião realizada na noite desta quinta-feira (24), sobre a possibilidade de Juiz de Fora migrar para a “onda verde” do programa Minas Consciente. Isso porque, nos últimos dias, a microrregião a qual a cidade está inserida regrediu nos indicadores que mensuram o avanço da pandemia do novo coronavírus. Sendo assim, a possibilidade de migração para a faixa menos restritiva dos protocolos estaduais de resposta à epidemia não se aplica ao Município neste momento, assim como qualquer outro tipo de flexibilização das medidas sanitárias em vigência. Desta maneira está descartada a possibilidade de reabertura das aulas presenciais nas escolas estaduais, conforme deliberado na última quarta-feira pelo Governo de Minas Gerais. A flexibilização no ensino vale para localidades que já avançaram para a onda verde.

Após avançar na semana, toda a microrregião Juiz de Fora/Lima Duarte/São João Nepomuceno/Bicas, que estava autorizada a migrar para a onda verde, foi reclassificada para a onda amarela, categorização que passa a valer a partir de sábado. A medida é resultado de deliberação do Comitê Extraordinário Covid-19, que opera no âmbito do Governo de Minas Gerais, constante em relatório de transparência publicado nesta quinta.

Sem mudanças

Na reunião desta quinta-feira, contudo, o comitê municipal discutiu sobre a possibilidade de retomada das aulas presenciais em universidades e faculdades de ensino superior em funcionamento em Juiz de Fora. Tal prerrogativa é prevista dentro dos conjuntos de protocolos da onda amarela, faixa intermediária do Minas Consciente, em que Juiz de Fora se classifica. Mas, para o momento, a deliberação do colegiado é pela manutenção da restrição às aulas presenciais. O assunto voltará a ser debatido no encontro da próxima semana. Ao fim das discussões, restou a manutenção de todas as regras vigentes no momento.

A preocupação é com o aumento dos indicadores. De acordo com números apresentados e debatidos na reunião, Juiz de Fora fecha a quinta-feira com cerca de 84% dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do Sistema Único de Saúde (SUS) ocupados. Nas duas últimas semanas, a média de novos casos diários chegou a 47 notificações, bem mais alta que a média observada nos primeiros dias do mês. Na semana do dia 9 de setembro era de 27 casos/dia. A taxa de retransmissão do vírus observada na cidade é de 1,08. Para a pandemia ser considerada sobre controle, o índice precisa estar abaixo de 1.

Redes particular e estadual de ensino sinalizam contrários à volta de aulas presenciais

Uma das discussões colocadas na mesa durante reunião do Comitê de Enfrentamento a Covid-19 é referente as aulas presenciais em instituições públicas estaduais de ensino, assim como da rede privada de ensino superior. No entanto, ambos os sindicatos que representam as categorias rechaçaram tal volta.

O Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (Sinpro-JF) por sua vez se diz totalmente contrário à medida enquanto não houver segurança. “Sabemos que está em vigor o decreto que proíbe aulas presenciais e entendemos que foi uma decisão sensata por parte da Prefeitura e esperamos que ela se mantenha até que existam possibilidades reais de volta, desde que não coloque em risco a vida da comunidade escolar. Não houve interrupção das atividades pedagógiças. Elas estão ocorrendo de forma remota. O retorno pode colocar em risco a vida dos educadores, alunos e até mesmo de seus familiares, além de toda a comunidade escolar. Enfim, enquanto não houver segurança em relação ao risco de transmissão, não há volta”, disse Lúcia Lacerda, coordenadora geral do Sinpro.

O decreto a qual ela se refere foi publicado no último dia 19, e ampliou a suspensão por tempo indeterminado das aulas presenciais além da rede municipal, também para o ensino particular, estadual e federal. “Nós conhecemos a realidade das salas de aula e o sindicato vai acompanhar muito atentamente toda essa movimentação. Estamos apostando na sensatez e prudência do chefe do Executivo de Juiz de Fora. Nós temos conhecimento que os próprios pais têm uma preocupação muito grande e isso corrobora com aquilo em que o sindicato pensa. Não é uma opinião, usamos os fatos, a ciência, e tudo o que as autoridades de sapude vêm alertando. A pandemia não acabou, sequer está sob controle”, asseverou.

Ensino estadual

As aulas presenciais nas escolas estaduais, foram autorizadas a retornar, a partir do próximo 19 em cidades mineiras que estão na onda verde do programa Minas Consciente,conforme anunciado na última quarta-feira. Juiz de Fora, que se encontra na onda amarela, não foi contemplada pela decisão.

No entanto, mesmo neste primeiro momento não atingindo a cidade, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG). interpretou a decisão como “genocida”. “Não tem a mínima preocupação com a saúde e com a vida dos trabalhadores, muito pelo contrário, é necessário fazer a roda da produção girar e girar cada vez mais. Mas, nós professores temos as salas de aula lotadas e, claro, que não podemos voltar com 45 alunos dentro de um cubículo que às vezes, nem janela tem. São condições extremamente exploradoras de forma que não há nenhum tipo de diálogo com os professores. Para esse retorno não houve qualquer diálogo, assim como a implementação do teletrabalho que é uma tragédia”, avaliou Alessandro Furtado Pacheco – coordenador do SindUte /MG subsede Juiz de Fora. Ele lembra que já houve o retorno presencial de algumas classes e nós lutamos para que isso não ocorresse. “Eles querem colocar a classe trabalhadora para trabalhar. O que importa para eles é produção e funcionamento e não há preocupação com a vida. É uma proposta anticientífica. Nós também entendemos que há uma pressão por parte das famílias e a única política pública que o estado oferece são as escolas e, as mães precisam trabalhar já que vários setores estão retomando.”, completou. Por fim, Pacheco ressaltou que a entidade pretende construir um movimento incisivo para que não aconteça o retorno presencial. “As vidas tanto dos nossos alunos como dos profissionais importam nesse momento”.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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