Uma operação conjunta entre as polícias Militar e Civil desarticulou um esquema de tráfico de drogas no Bairro Granjas Betânia, Zona Nordeste de Juiz de Fora, que contava com a participação de adolescentes. A ação foi desencadeada na última quarta-feira (5) e batizada de “Sinaloa”. Segundo informações dos policiais, o homem que coordenava a organização criminosa, 24, era alvo constante de operações, porém, a forma como articulava o esquema de venda de drogas dificultava sua prisão.
Além de usar os adolescentes, ele enterrava os entorpecentes em terrenos baldios e também traficava em um ponto estratégico do bairro, de onde seus olheiros viam a chegada dos policiais. Ele, sua esposa, 20, e quatro adolescentes, entre eles seu irmão de 17 anos, foram pegos. Na ação conjunta de quarta-feira foram cumpridos seis mandados, entre os alvos, estava a casa do alvo principal. Cães farejadores da PM também auxiliaram, e cerca de 50 policiais estiveram no bairro. A manobra policial durou mais de doze horas.
O trabalho de inteligência feito pelas polícias detectou que o jovem assumiu o comando do tráfico, principalmente de maconha, no bairro em julho passado, depois que a operação “Narcos”, desencadeada pela Polícia Federal, prendeu o maior traficante do Granjas Betânia. Desencadeada em Juiz de Fora, onde estava a maior parte dos membros e de onde era organizada a distribuição de maconha vinda do Paraguai, a “Narcos” culminou com a prisão de dez pessoas e a apreensão de cerca de uma tonelada da droga.
Segundo o titular da Delegacia Especializada Antidrogas, Rafael Gomes, o trabalho de investigação durou cerca de três meses. Há indícios de que o suspeito de 24 anos vendia drogas, além do bairro, para outras cidades de região e também para traficantes de outros pontos da cidade. Conforme o delegado, ele movimentava grande quantidade de maconha. O nome da ação faz alusão ao cartel de drogas de Sinaloa, no México. “Este jovem já atuava no alto escalão do tráfico no Granjas Betânia, mas, com a prisão do principal traficante, assumiu o lugar dele. As investigações apuraram que ele montou uma verdadeira organização criminosa no bairro. Ele estava tirando a tranquilidade do bairro, aliciando os adolescentes. O esquema era muito bem articulado”, comentou. Rafael Gomes explicou, em coletiva, que o suspeito enterrava as drogas em terrenos perto da casa dele e retirava pequena parte, fracionava e colocava nas mãos dos adolescentes para venda.
De acordo com o comandante da 70ª Companhia da PM, tenente José Carlos Matos, desde que ele assumiu o comando da unidade no ano passado, moradores e denúncias anônimas, feitas pelo telefone 181, apontavam para a atividade ilícita no local, que incomodava e preocupava a comunidade. “Desde então, sempre foi colocado policiamento preventivo no local, o que confirmou a veracidade de todas essas denúncias que chegavam a nós. Durante o ano que passou, fizemos apreensão deste menores por mais de uma vez, dois deles chegaram a ser pegos cerca de quatro vezes por tráfico. Nas abordagens à casa do alvo da operação, tínhamos muita dificuldade em chegar ao autor. E todas as vezes que tinha as abordagens, era com os adolescentes, demonstrando que ele aliciava os garotos para o tráfico”, disse o oficial, destacando que o homem conseguia entrar dentro do imóvel antes que os militares se aproximassem.
Conforme o tenente, quando as ações policiais começaram a ficar constantes, a venda parou de ser feita na casa do suspeito, passando para um local na mesma rua, porém na parte alta, o que facilitava a visualização de viaturas chegando. Além disso, adolescentes eram recrutados para ficarem nas entradas do bairro vigiando a chegada da polícia. “Quando estávamos chegando, víamos eles correndo para dentro de casas ou matagais próximos, inviabilizando o flagrante em si. A ação culminou com a apreensão de seis barras de maconha encontradas em um matagal fechado e enterradas dentro de uma bolsa. Outra barra estava na casa de um dos adolescentes, demonstrando que ele, de fato, usava os garotos para o tráfico”, afirmou. Além das barras, os policias apreenderam um pé de maconha, celulares e dinheiro.
Tenente Matos destacou que a manobra vai trazer tranquilidade à comunidade. “Ele realmente estrangulava a comunidade, principalmente as crianças e os adolescentes. É muito triste você chegar em uma casa e ver uma mãe chorando por ter o filho trabalhando para traficante”, finalizou. Rafael Gomes afirmou que o jovem e sua esposa serão indiciados por tráfico de drogas, associação para o tráfico e corrupção de menores. Eles foram ouvidos e encaminhados ao sistema prisional. Os adolescentes foram ouvidos e entregues a seus responsáveis legais.
Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora
