População em situação de rua sofre com as baixas temperaturas

Bruno de Souza e Rosângela Araújo estão há dois anos na Praça Antônio Carlos e preferem ficar no local a irem para o albergue porque sentem que não têm liberdade no local (Foto: Olavo Prazeres)

Juiz de Fora registrou queda significativa na temperatura nos últimos dias e, com ela, mais um problema a ser enfrentado pela população em situação de rua na cidade. Neste domingo (7), a cidade teve a madrugada mais fria em 12 anos, com sensação térmica de 4 graus negativos. A madrugada desta segunda-feira (8) não foi muito diferente. Por volta da meia-noite, apesar da temperatura ter sido de 8,9 graus, as rajadas de vento durante o horário contribuíram para uma sensação térmica de 1 grau negativo. A reportagem da Tribuna de Minas foi às ruas de Juiz de Fora na manhã desta segunda-feira para verificar como as pessoas em situação de rua estão lidando com as baixas temperaturas. Os relatos surpreendem, indicando que alguns juiz-foranos nessa situação seguem passando as noites em via pública, mesmo com o frio cortante na cidade, contando com a ajuda de instituições religiosas e dos demais cidadãos para conseguirem cobertores e blusas na tentativa de buscar proteção.

O Núcleo do Cidadão de Rua, na Rua José Calil Ahouagi, Centro, é o único espaço de acolhimento, em regime de albergue para esta faixa da população na cidade. Atualmente, o local está passando por um imbróglio envolvendo sua transferência, juntamente com o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), da Rua Professor Oswaldo Veloso, Centro, para um imóvel de três andares na Avenida Brasil, entre os bairros Costa Carvalho e Lourdes.

De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS) da Prefeitura, apesar das baixas temperaturas, o frio não aumentou a procura por atendimento aos serviços oferecidos a esta população, assim como a Casa de Passagem para a Mulher em Situação de Rua. Juntos, ambos têm capacidade para 150 atendimentos diários. Nestes dois endereços, as pessoas têm acesso ao pernoite, banho e alimentação. Em nota, a pasta garantiu que as vagas disponíveis são suficientes para atender às pessoas em situação de rua que, neste período de frio intenso, são atendidos com alimentos mais quentes e pijamas de frio, além de serviço educativo sobre os cuidados e precauções necessárias em relação aos dias frios. “Por isso, o Serviço de Abordagem Social, em parceria com outras secretarias e a Polícia Militar, atua em diversos pontos da cidade, realizando rondas periódicas nas regiões com a intenção de orientar os moradores em situação de rua sobre os serviços sociais da PJF” A secretaria ressaltou também que só serão encaminhados às unidades os moradores que aceitarem este tipo de atendimento.

Auxílio de instituições

Para Osmar de Oliveira, a superação se dá através da união. “Faz 15 anos que moro na rua, e é um ajudando o outro” (Foto: Olavo Prazeres)

Bruno de Souza e Rosângela de Araújo estão há dois anos na Praça Antônio Carlos e admitiram o sofrimento maior nessa época do ano, mas, ainda assim, optam por ficar no local público a irem para algum albergue. “A gente não gosta de abrigo, porque não temos liberdade lá”, conta Bruno. De acordo ele, a ajuda com alimentação, banho, cobertores e roupas são oferecidas por igrejas e instituições de apoio a eles e a diversos outros moradores.

O morador em situação de rua Osmar de Oliveira já estava solitário na Praça da Estação quando conversou com a reportagem. Ele disse que, mesmo na época de frio, muitos preferem continuar nas ruas, e a superação se dá justamente através da união. “Faz 15 anos que moro na rua, e é um ajudando o outro”, conta. Para Osmar, permanecer na praça é melhor que ir para algum albergue.

Em frente a um posto de combustível na Avenida Itamar Franco, altura do Bairro São Mateus, Zona Sul, estava Willian Elmar acompanhado de outras pessoas em situação de rua, que pediram para não serem identificadas. Quando questionado a respeito do frio, Willian afirmou que enfrentar a situação é como “tiro, porrada e bomba”, admitindo que o uso de álcool para esquentar o corpo é uma das ferramentas usadas para superar a baixa temperatura. Em comum com as outras pessoas na rua, está a ajuda de populares com cobertores e casacos, assim como a resistência à albergues, os quais, de acordo com Elmar, “não protegem ninguém”.

Semana com baixas temperaturas

Juiz de Fora continuará contando com baixas temperaturas ao longo desta semana, com os termômetros oscilando entre 10 e 20 graus. Nesta segunda-feira, a menor temperatura foi registrada por volta de 6h, quando os termômetros do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) marcaram 7,8 graus, sendo que a sensação térmica chegou a 6 graus. Entretanto, por volta da meia-noite, apesar de a temperatura ter sido maior, de 8,9 graus, as rajadas de ventos durante o horário contribuíram para uma sensação térmica de 1 grau negativo. A onda de frio é resultado de uma massa de ar polar que atinge a região Sudeste do país. Nos próximos dias, o céu deverá ficar claro, sem previsão de chuva.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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