Prefeito de JF volta a dizer que há possibilidade de regressão à onda vermelha

Prefeito chegou a falar em colapso caso a situação persista (Foto: Fernando Priamo)

A regressão ou não de Juiz de Fora para a onda vermelha, fase mais restritiva do programa Minas Consciente, depende do comprometimento da sociedade com os protocolos de prevenção à Covid-19. Assim respondeu o prefeito Antônio Almas (PSDB) a questionamentos de internautas sobre a possibilidade de o município restringir o funcionamento de setores produtivos aos serviços essenciais, durante live transmitida pelas redes sociais oficiais da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). A transmissão foi feita para lançar oficialmente o novo painel gerencial de dados da Covid-19, que concentra dados sobre a pandemia na cidade, na tarde desta terça-feira (1º de dezembro).

“Estamos trabalhando em conjunto com o Governo estadual, que criou o Minas Consciente, e, no programa, o ato de ir ou não para uma onda mais restritiva tem a ver com o posicionamento da situação sanitária. O que estamos vendo agora é o agravamento das questões sanitárias. Então, haverá a possibilidade de entrarmos em medidas mais restritivas. Mas isso está entregue nas mãos de cada cidadã e cada cidadão. O que ocorre muitas vezes é o não cumprimento dos protocolos aprovados e pactuados entre a PJF, o setor comercial da cidade e que, de alguma forma compactuamos com cada juiz-forano. Na hora que esse pacto é rompido por uma parte, como a não cobrança do uso de máscara dentro de uma loja, isso cria dificuldades”, considerou.

O prefeito advertiu que é importante que o cidadão respeite esse regramento. “Não basta a existência do protocolo e que a Prefeitura realize ações, como identificar locais de festas clandestinas e autuar esses locais, autuar bares e restaurantes que não cumprem as regras, se as pessoas não nos ajudarem. É preciso esse comprometimento para que evitemos essa regressão para uma onda mais restritiva”, enfatizou, acrescentando que, na próxima quinta-feira (3), o Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 irá se reunir e debater o tema.

Almas alerta para possibilidade de colapso do sistema

Ainda durante a coletiva, Antônio Almas fez uma avaliação do atual momento da Covid-19 na cidade. “Vivemos hoje o conflito de estar de frente com uma grande pandemia que ocupa nossas vidas desde março. A soma dos esforços realizados por todos nós trouxe o mínimo de enfrentamento adequado para essa situação. Vivemos um momento no final do mês de junho e início de julho, quando pegamos o primeiro pico dessa pandemia, e superamos sem que houvesse o colapso do sistema. Por várias razões estamos vivendo outro momento na cidade de grande risco para todos nós, e teremos que conviver com esse risco até que a vacinação ocorra. Até lá, pode acontecer o colapso do nosso sistema assistencial”, afirmou.

O prefeito disse que a PJF trabalha na busca de leitos de Unidade Intensiva de Terapia (UTI) e de enfermaria. “Quero lembrar que, em março, eram 108 leitos de UTI no SUS, e hoje temos 197. Mas de nada adianta essa corrida para ampliar leitos de enfermaria ou de UTI se não conseguirmos reduzir os números de casos, se não conseguirmos diminuir a transmissibilidade. Então é importante que cada um de nós se responsabilize e garanta, quando possível, o ‘ficar em casa’. Se isso não for possível, ao sair, mantenha o distanciamento social, que deve ser observado em torno de dois metros de uma pessoa para outra. Além disso, não vamos abrir mão do uso de máscara, pois ela já se mostrou eficaz e existem inúmeros trabalhos científicos demonstrando isso”, ressaltou.

Prevenção

De acordo com Almas, a população não pode esquecer as regras básicas de higienização, porque são elas que vão ajudar na superação das dificuldades. “A pandemia nos ensinou que o vírus adora ambientes aglomerados, e a aglomeração é um grande mal. Por isso, essas situações devem ser evitadas, para que superemos esse problema sem colocar em risco o sistema. Quero chamar a atenção daquelas pessoas que ainda insistem em realizar eventos em granjas, festas em bares, em locais onde o número de pessoas é cada vez maior, porque o que assistimos hoje é uma grande ocupação dos leitos do setor privado. Agora, neste momento, estamos na ordem de 98% de ocupação de UTI do setor privado. Enquanto no setor público atingimos em torno de 76%, uma média entre público e privado que deve girar em torno de 83% e 84%. Então é preciso que cada um faça a sua parte, porque a pandemia não acabou e, nesta segunda-feira (30), tivemos o pior registro de óbitos, com nove casos.”

O secretário de Saúde da PJF, Rodrigo Almeida, que também participou da coletiva, alertou que parte da população de Juiz de Fora parece ignorar as questões de saúde. “Lembramos que nesta terça atingimos mais de 31.500 casos suspeitos, 325 óbitos e mais de 9.200 casos confirmados de Covid-19. Diante disso, a população tem fundamental importância na condução desses casos. O comportamento individual, o uso de máscara e de álcool em gel e o distanciamento social devem ser seguidos. Esperamos que com o novo painel gerencial a população faça com frequência a observação desses dados”, pontuou.

Mais transparência e qualidade de dados

O novo Painel de Gerenciamento da Covid-19, lançado nesta terça pela PJF, tem como base aquele desenvolvido pela Universidade Johns Hopkins, de Nova York, nos Estados Unidos. A nova plataforma traz novidades, como georreferenciamento, média móvel de casos e óbitos e perfil epidemiológico, além do índice de isolamento social. “Agradeço o comprometimento de todos, que fizeram esse novo painel se tornar realidade, trazendo mais transparência para os dados de coronavírus”, ressaltou o prefeito Antônio Almas, durante a apresentação da plataforma.

O painel foi desenvolvido pelo Departamento de Planejamento e Informações em Saúde (Dpis), da Secretaria de Saúde (SS) da PJF, utilizando a plataforma de mapeamento e análises ArcGis, integrada por ferramentas avançadas de representação de gráficos e raciocínio analítico, e que geoespacializa dados. Desse modo, permite acesso ao panorama geral da evolução da Covid-19 no município.

Na ferramenta, que integra do site da PJF, é possível visualizar a compilação do número de casos de Covid-19 notificados e confirmados, bem como os bairros que apresentam maior registros nas duas categorias. O cenário é geoespacializado, com base na área de planejamento, prevista no Plano Diretor do município. O “mapa de calor” mostra as regiões com maior número de casos, não sendo possível localizar nenhum endereço específico, mantendo a confidencialidade dessa informação. É possível também acompanhar a situação dos leitos de UTI e das enfermarias nas redes pública e privada, dia a dia.

Mapeamento

Na plataforma, os limites de cada bairro estão referenciados no mapa da cidade, e os casos de Covid-19 são representados por círculos vermelhos. Quanto maior o círculo, maior é o número de infectados. Todas as notificações são assinaladas, e localidades com mais de 35 casos são consideradas como as de número mais elevado.

A composição também pode ser feita por camadas, uma vez que há filtros por nome dos logradouros, distritos e região administrativa. É possível identificar, por exemplo, áreas mais atingidas pela doença. Mesmo depois que a pandemia acabar, as informações vão permanecer arquivadas junto ao poder público.

Mais 8 mortes, e UTIs privadas com 98%

Nesta terça (1º), o município alcançou novo recorde, quando foram registradas 332 hospitalizações pela doença na cidade, oito a mais que as 224 internações contabilizadas no dia anterior. Além disso, oito novas mortes causadas pelo coronavírus foram confirmadas no boletim epidemiológico divulgado pela PJF.

Ainda segundo dados da Prefeitura, a taxa de ocupação de leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) em hospitais privados da cidade chegou a 98% nesta terça. Em recorte que considera apenas equipamentos credenciados ao SUS, a taxa de ocupação era de 77,15%. Os dados são referentes à ocupação de leitos por pessoas internadas por Covid-19 e também por outras enfermidades, e, somados, resultam em uma média de 84,4% dos leitos de UTI ocupados, considerando todos os leitos disponíveis. A taxa de ocupação de leitos de enfermaria era de 65,13%.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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