Produção de máscaras de tecido cresce em Juiz de Fora

Com a ajuda da filha, Joyce Diniz, produz de 40 a 50 peças voltadas para doação e venda a preço acessível (Foto: Acervo Pessoal)

Com uma máquina de costura e a ajuda da filha, a costureira Joyce Diniz, 48 anos, colocou a mão na massa para produzir máscaras de tecido e, assim, ajudar no combate ao novo coronavírus (Covid-19). No início, ela começou a confeccionar para a própria família, mas logo recebeu encomendas de pessoas que não encontravam o equipamento para comprar.

“Vi que o negócio estava grave quando o dono de uma farmácia encomendou uma centena. Eu faço um preço acessível e, para quem não pode comprar, estou doando. A renda que ganhamos, guardo para doar para conhecidos que precisam”, conta a costureira, que diz que, enquanto tiver material, continuará produzindo. A dupla consegue confeccionar cerca de 40 a 50 peças por dia, trabalhando em tempo integral. As máscaras são feitas com tecido 100% algodão, que tolera altas temperaturas ao passar a ferro.

Dona Luizinha, de 87 anos, fabrica máscaras em casa para vizinhos e parentes (Foto: Acervo Pessoal)

Como uma forma de distração aliada à solidariedade, a moradora do bairro Grama, Luizinha Ambrósio Ferreira, de 87 anos, também está costurando máscaras para a família e vizinhos. Suas peças são feitas de TNT grosso, que podem ser lavadas com água e sabão. Já Patrícia Ribeiro optou por investir em máscaras coloridas, fashion, dupla face, feitas com tecidos estampados 100% algodão. “O sucesso foi imediato, já estou na terceira remessa”, diz, aceitando encomendas pelo cel.: (32) 98429-4180.

Enquanto isso, no Centro de Juiz de Fora, uma empresa mudou sua rotina também com o intuito de produzir o equipamento, de forma a abastecer o mercado, enquanto as máscaras profissionais são reservadas a equipes de saúde. “A pedido do Ministério da Saúde, estamos buscando outras alternativas de materiais, como as de tecido 100% algodão. Optamos por trabalhar com um preço justo, sem cobrar a mais por causa da demanda”, conta a proprietária da loja Lila Maria Uniformes Profissionais, Raquel Sousa. As encomendas podem ser feitas pelo cel.: (32) 98852-7132.

Após a compra, os clientes recebem recomendações de cuidados que devem ser tomados durante a utilização do produto. O primeiro passo é lavar a máscara com sabão neutro e passar a ferro antes de utilizá-la. Ao utilizar, evite ajustar a máscara na rua e, ao chegar em casa, lave bem as mãos antes de retirá-la. Após o uso, a máscara de tecido deve ser lavada seguindo o mesmo processo. A recomendação é que o item seja utilizado por até duas horas e trocado após esse período.

Patrícia Ribeiro lançou as máscaras coloridas em algodão 100%  (Foto: Acervo Pessoal)

Para suprir setores necessitados

A empresa juizforana Chico Rei também iniciou a produção de máscaras de tecido, mas com o propósito de distribuir gratuitamente a setores necessitados. A ideia surgiu em conjunto com os diretores da Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires onde, desde o final do ano passado, a empresa iniciou um projeto profissionalizante ao criar um sistema de produção de camisetas, ensinando o ofício e contratando profissionais. É esse espaço, onde já foi iniciada a confecção das máscaras, que será o primeiro a utilizá-las.

“Começamos com o sistema prisional do Estado de Minas Gerais, partindo de Juiz de Fora, e temos pedidos de outras cidades. Também entregamos para o Demlurb (Departamento Municipal de Limpeza Urbana de Juiz de Fora). Desde que anunciamos que estamos fazendo essa produção, recebemos muitos pedidos de outros locais. Começamos com 600 máscaras por dia, mas pretendendo chegar a quase mil por dia”, explica o diretor da empresa, Bruno Imbrizi.

Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires está entre as 20 unidades do Sistema Prisional de Minas Gerais que produzem máscaras para o público em geral (Foto: Acervo Pessoal)

As máscaras de tecido são eficazes?

De acordo com a Nota Técnica 4/2020 divulgada pela Anvisa no último sábado (21), as máscaras de tecido não são recomendadas como proteção contra o coronavírus, sobretudo a profissionais de saúde e pacientes com sintomas de infecção respiratória (febre, tosse espirros, dificuldade para respirar). Nesses casos, o mais seguro é o uso de máscaras cirúrgicas, que possuem capacidade de filtragem e são descartáveis. Porém, as máscaras de tecido podem ser usadas para evitar a transmissão do vírus, segundo o infectologista do Hospital Universitário da UFJF, Rodrigo Souza.

Lila Maria Uniformes mudou a rotina de sua confecção para produzir máscaras para os juiz-foranos  (Foto: Acervo Pessoal)

“Para utilização do público em geral, uma máscara artesanal tem a função de evitar transmitir o vírus para outra pessoa. Caso a pessoa esteja infectada, mas não apresente sintomas, usar a máscara pode dificultar que sejam soltas gotículas durante a respiração. Mas para proteção contra o vírus, não tem eficácia”, explica.

O médico adverte que é preciso tomar cuidado para que a própria máscara não seja contaminada por outra pessoa, que não esteja utilizando uma máscara, e que solte gotículas no ambiente enquanto conversa, por exemplo. Para que isso seja evitado, é necessário haver uma distância segura entre as pessoas.

Os cuidados também devem ser tomados durante a produção desse equipamento, pois, sem garantias do processo de fabricação, a máscara já pode vir contaminada. “É preciso muito cuidado, pois a produção precisa ter várias regras, com assepsia das mãos e utilização de máscaras durante a fabricação artesanal. O ideal é que seja feita uma lavagem da máscara antes da utilização.”

Apenas o uso de qualquer máscara não é suficiente para proteção contra a Covid-19, sendo essenciais medidas de higiene, como lavar bem as mãos ou utilizar álcool em gel 70%. Também é necessário evitar aglomeração de pessoas e seguir a etiqueta respiratória, de cobrir a boca e o nariz com o cotovelo flexionado ou lenço ao tossir ou espirrar.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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