Programação busca inclusão de pessoas surdas em JF

O mês de setembro concentra uma série de datas importantes para a comunidade surda de Juiz de Fora. Além do Dia Nacional do Surdo, lembrado no dia 26 e que está relacionado à criação do Instituto Nacional de Educação dos Surdos (Ines), localizado no Rio de Janeiro, há também o Dia Mundial do Surdo, celebrado no dia 30, e o Dia Mundial da Lingua de Sinais, em 23 de setembro. Todos esses marcos, além de chamarem a atenção para a visibilidade das pessoas surdas, ainda reforçam a necessidade de discutir o acesso dessa população a inúmeros serviços e atendimentos.

Pensando em despertar a atenção da sociedade, estimulando o contato de ouvintes com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a Associação dos Surdos de Juiz de Fora (ASJF) promove atividades cuja programação vai desta quinta-feira (26) até sábado (28). A primeira da lista é uma passeata, que acontece no Parque Halfeld na quinta, às 14h. Depois dela, o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Rodrigo Mendes, que nasceu surdo, faz uma palestra sobre a sua trajetória e o mercado de trabalho, na sala da ASJF, no terceiro piso do Santa Cruz Shopping, às 16h.

Também estão previstas palestras com temas relativos à educação e saúde acessível aos surdos, além de uma aula de defesa pessoal no Parque Halfeld, voltada para os surdos, e uma gincana de queimada e futsal no Cesporte, que fecha a programação no sábado, às 16h. Todos os eventos são gratuitos e abertos à população em geral. Além disso, a Associação dos Surdos confere certificado aos participantes.

Lutas

O presidente da ASJF, Bruno Viana, explica que o entendimento sobre a maneira de dar visibilidade aos surdos foi alterada. Antes, o Dia Nacional dos Surdos estava associado a campanhas do Setembro Azul. Mas para evitar que a surdez fosse associada a uma doença, foi necessário alterar a nomenclatura para Setembro Surdo. Com isso, as programações que abordam as discussões da comunidade surda perderam o símbolo do lacinho azul e integram outras lutas. Uma delas é a volta do atendimento que era feito pela Prefeitura de Juiz de Fora, que disponibilizava o acompanhamento de surdos por intérpretes de Libras ao utilizar qualquer serviço disponibilizado pelo Município, interrompido desde dezembro de 2019.

A ausência desse serviço, conforme Bruno, fere a acessibilidade das pessoas surdas. As leis que asseguram a presença de interpretes em ambientes públicos e privados também não são cumpridas, de acordo com ele, o que também traz dificuldades para o cotidiano dessa população. Ele considera que se as pessoas se interessassem mais em aprender Libras, talvez não houvesse uma carência tão grande de intérpretes. A formação nessa área exige muitos anos de dedicação, e a quantidade de profissionais é muito menor que a demanda.

Por isso, o presidente da Associação convida a quem tiver interesse, mesmo que não tenha familiares ou pessoas próximas com surdez, que busquem cursos de Libras, tanto na ASJF quanto em outras instituições, para colaborar, efetivamente, com o processo de inclusão. Outra luta que a ASJF enfrenta é para que a cidade tenha escolas bilíngues, nas quais as crianças possam ser incluídas desde pequenas e que essa inclusão esteja em todo o seu cotidiano, e não só em momentos especiais, como ocorre atualmente, conforme pontua Bruno Viana.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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