Restrição a bares e restaurantes surpreende entidades patronais do setor

A manutenção de restrições, por parte da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), ao horário de funcionamento de bares e restaurantes frustrou os planos do setor de alimentação de retomar as atividades às vésperas do Dia dos Pais. Ao passo que os bares manterão poderão realizar apenas entrega a domicílio e retirada no balcão, os restaurantes continuarão abertos para consumo interno apenas entre segunda-feira e sábado, das 11h às 15h. Ainda que a migração do Município de Juiz de Fora para a nova onda amarela do Minas Consciente, após a revisão do programa estadual, permitisse aos bares e restaurantes a retomada do consumo interno, com vendas de bebidas alcoólicas, o Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 manteve, nesta quinta-feira (6), a prerrogativa do Executivo de restringir o funcionamento. De acordo com a Prefeitura, a retomada seria arriscada, uma vez que a taxa de transmissibilidade da doença (R0) aumentou em Juiz de Fora nos últimos dias, subindo de 0,9 para 1,2 pessoa infectada – isso quer dizer que cada infectado na cidade pode transmitir a doença a 1,2 pessoa atualmente. A princípio, a Regional Zona da Mata da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e o Sindicato de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Juiz de Fora (SHBRSJF) cumprirão a deliberação do órgão colegiado. No entanto, ambos admitiram, à Tribuna, a possibilidade de recorrer à Justiça para garantir o funcionamento irrestrito do setor de alimentação.

Conforme o coordenador-executivo do SHBRSJF, Rogério Barros, os empresários do setor de alimentação juiz-forano já estavam preparados para reabrir os estabelecimentos. “Foi uma situação muito frustrante. Todo mundo estava preparado achando que haveria uma liberação maior e, para a nossa surpresa, os bares e restaurantes tiveram o horário mantido. Então, estamos absorvendo este impacto, porque é uma data importante. Já perdemos o Dia das Mães e o Dia dos Namorados. Estamos estudando qual o procedimento vamos tomar na próxima semana, porque a situação está realmente desesperadora. O setor está descapitalizado, com muitas dificuldades. (…) Entendíamos que o setor de alimentação teria uma abertura, não total, mas mais flexível, como funcionar aos sábados e domingos até um pouco mais tarde. Lógico, até estávamos preparados para uma restrição de horário, como até meia-noite.”

Apesar da decisão do Executivo, a presidente da Abrasel – Regional Zona da Mata, Francele Galil Rocha, diz que o setor está buscando manter o diálogo com a PJF. “Estamos tentando conversar (com a Prefeitura), mostrar as necessidades do segmento etc.. Está todo mundo muito exausto, muito cansado dessa situação. Muita gente se preparou e, de repente, tiveram que desmanchar, vamos dizer assim, tudo aquilo que preparamos diante das expectativas que tínhamos para o funcionamento. Gostaríamos de voltar a funcionar com a amplitude do horário, mas, infelizmente, fomos frustrados. Continuaremos com o nosso posicionamento de cumprir a determinação da autoridade maior do Município. (…) Não foi nada decidido quanto à judicialização. Nós estamos analisando para ver se será viável ou necessário tal procedimento, mas não tem nada acertado.” Conforme Francele, houve uma conversa entre a Abrasel e a PJF na manhã desta sexta, mas apenas pontual.

Barros explicou ainda que há um receio das lideranças patronais em recorrer à Justiça, uma vez que a Abrasel de Minas Gerais teve liminar derrubada para o funcionamento de bares e restaurantes em Belo Horizonte, por exemplo. “A ação judicial não tem sido frutífera, então a gente entrar aqui (com uma ação) como entramos em Belo Horizonte, ou seja, ganhar, mas não levar, não traz retorno, mas desgaste. A categoria está muito preocupada e responsável, depois do que ela passou, em voltar de forma organizada, cumprindo os protocolos e incentivando o distanciamento social. Então, a gente não quer cometer a mesma situação que ocorreu no mês de abril, quando tivemos que voltar a fechar (os bares) em Juiz de Fora.” Em 20 de julho, a Abrasel de Minas havia conseguido liminar autorizando o funcionamento do setor de alimentação em Belo Horizonte. Entretanto, a decisão foi derrubada dois dias depois pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) a pedido da Prefeitura de Belo Horizonte. Na última quinta, a entidade patronal voltou a pleitear na Justiça a reabertura dos estabelecimentos.

Estabelecimentos estão preparados, defende sindicato

Questionado sobre qual protocolo seria adotado pelo setor para prevenir os casos de contaminação em eventual reabertura, o coordenador-executivo do SHBRSJF afirma que as medidas preventivas que seriam tomadas estavam para além daquelas orientadas pelo Minas Consciente. “Juiz de Fora contribuiu de forma participativa para o protocolo do Minas Consciente no setor de alimentação e hospedagem. Então, regras como o distanciamento entre mesas, medição de temperatura, afastamento de funcionários do grupo de risco, tapete sanitizante, disponibilização de álcool etc., estavam sendo preparadas. Então, nós realmente já estávamos preparados para que colocássemos o time literalmente em campo e fomos frustrados com a decisão do Comitê.”

A PJF, por sua vez, pondera que, devido às características do comportamento de frequentadores de bares – “que precisam tirar a máscara para comer e beber e, naturalmente, irão conversar” -, os estabelecimentos são propícios para a transmissão da Covid-19. “Por ser um momento de descontração, as pessoas acabam se descuidando e falando mais alto, o que contribui para a exposição viral. A emissão de partículas de saliva também tende a aumentar conforme o volume da voz, gerando riscos de contaminação. O Comitê sabe do esforço das lideranças do setor em criar protocolos de higienização nos bares e restaurantes. Mas, por outro lado, vê riscos no comportamento das pessoas, como aconteceu em outras cidades do Brasil e do mundo, comportamento este que é difícil os proprietários dos estabelecimentos controlarem devido às particularidades do ambiente.” De acordo com o Executivo, um representante da Abrasel – Regional Zona da Mata será convidado para a próxima reunião do comitê, agendada para a próxima terça-feira (11), ocasião em que o assunto será novamente discutido.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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