Se a cidade fosse minha…
Há que se reconhecer: nos anos 2010, o tema da acessibilidade, em suas diversas vertentes, vem sendo cada vez mais discutido. No dia a dia de um município, o acesso a direitos básicos, como a segurança, o de ir e vir; o de ter atendimento em estabelecimentos comerciais e de serviços e o de ter sua identidade reconhecida e respeitada é o que garante a um cidadão sua plenitude como tal. No dicionário on-line Aulete digital, uma das definições de “acesso” é “ação ou possibilidade de entrar, ingressar ou chegar ou passar em um lugar”. E, de fato, diversas ações – de instituições públicas, inclusive da Administração Municipal – vêm buscando assegurar que juiz-foranos entrem, ingressem, cheguem e passem pelos mais diversos espaços da cidade. Mas o quanto é suficiente para que Juiz de Fora seja realmente de todas as mais de 550 mil pessoas que aqui vivem?
Em maio deste ano, a Prefeitura criou a Coordenadoria Municipal de Políticas dos Direitos da Pessoa Idosa, que visa a criar parcerias com organizações não governamentais, conselhos de direitos, instituições de ensino e empresas privadas, para elaborar diagnósticos acerca da população idosa e traçar ações necessárias para o desenvolvimento de políticas públicas. Segundo dados da PJF, 14% da população do município têm 60 anos ou mais, e a cidade possui outras iniciativas específicas para este segmento, como, por exemplo, o Centro de Convivência do Idoso, espaço vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS), com diversas atividades de socialização e o Núcleo de Atendimento ao Idoso da Polícia Civil, que registra ocorrências de violação aos direitos desta população e crime de maus-tratos, além de fazer atendimento voltado à mediação de conflitos.
No ano passado, diversas secretarias da Prefeitura receberam o “Selo da Diversidade Étnico-Racial e de Gênero”, iniciativa voltada ao público interno, no intuito de promover mais igualdade no ambiente de trabalho e combater o preconceito. Cada secretaria estabeleceu metas e apresentou seus próprios planos de ações que foram submetidos, avaliados e pontuados por um comitê formado especialmente para a iniciativa. Dentre as atividades desenvolvidas, prevaleceram campanhas educativas, palestras, dinâmicas de grupo e outras atividades de efeito pedagógico, confrontando temas como racismo institucional, machismo e “brincadeiras maldosas”, buscando promover reflexões. No que diz respeito ao atendimento ao público, a PJF já realizou três edições do curso “Diversidades na Roda”, buscando capacitar os servidores que trabalham junto à população no âmbito da pluralidade racial, de gênero, étnica ou religiosa, realizada ao longo do ano todo, com turmas divididas de acordo com a atuação do profissional. Em 2017, cerca de 95 pessoas estão sendo capacitadas.
Em campanhas institucionais, a UFJF fez, ao longo de 2016 e em 2017, ações combatendo o preconceito racial, sexual e de gênero, envolvendo a comunidade acadêmica e a população em geral. Desde 2014, a universidade possui um órgão que atua também neste sentido, a Diretoria de Ações Afirmativas, que visa a promover condições institucionais para a implementação e acompanhamento de políticas públicas nesta área.
Só em 2017, a Casa da Mulher de Juiz de Fora atendeu, do início do ano até o dia 30 de abril, 1.043 vítimas. A instituição é voltada a mulheres que sofreram algum tipo de violência doméstica, seja física, sexual, psicológica ou patrimonial e concentra, em um só espaço, todos os serviços de atenção e proteção existentes às vítimas.
Em abril deste ano, a Lei de Libras (n° 10.436) completou 15 anos, e a Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS) contabiliza, de janeiro até a data de publicação da matéria, 280 atendimentos na Central de Interpretação de Libras (CIL), com acompanhamento de intérpretes de libras a pessoas com deficiência auditiva em serviços de saúde, educação, jurídicos, bancários e outros. Outros projetos também buscam ampliar a acessibilidade da comunicação, como o Curso de Libras para servidores e órgãos como a Associação dos Surdos, semvínculos governamentais, que faz diversas ações para aumentar a inclusão da população surda, de ensino de Libras a atividades de lazer. Em um escopo mais amplo de pessoas com deficiência, a PJF possui o Departamento de Políticas para a Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos (DPCDH), que oferece benefícios como Passe Livre, cursos de qualificação, encaminhamento profissional, serviços de locomoção para pessoas com mobilidade reduzida, orientações jurídicas, entre outros.
Na questão da acessibilidade, a Prefeitura afirma que tem realizado um relatório de vistorias de rampas, por meio das diversas secretarias. A partir daí, são identificadas as maiores demandas de mobilidade no Centro. Assim já foram construídos alguns acessos na Avenida Itamar Franco e na Avenida Rio Branco. Para a continuação deste projeto, existe uma emenda parlamentar, com contrapartida da PJF, que irá custear a realização de outras intervenções que acontecerão na principal avenida da cidade, a Rio Branco.
Outro ponto destacado pelo Poder Público municipal é a reforma e revitalização do piso do Parque Halfeld, para facilitar o acesso de cadeirantes e pessoas com baixa mobilidade e cegos, com instalação de piso tátil direcional e antiderrapante.
Além de todas estas ações que enumeramos, muitas outras, de instituições e voluntários, buscam tornar a cidade mais acessível. Mas será que a cidadania é um direito de todos? A Tribuna foi à rua e ouviu representantes de diversas categorias que têm seu direito à cidade negado ou coibido, procurando entender o problema e ouvir, de cada um deles, soluções possíveis, veja no vídeo acima e nos slides ao longo da matéria.
Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora / MG