Sinserpu denuncia falta de EPIs para agentes de endemias

Em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), mais uma categoria de profissionais denuncia falta de equipamentos de proteção individual (EPIs). Desta vez, o problema afeta os agentes de combate a endemias, que continuam trabalhando nas ruas no combate à dengue, embora as visitas domiciliares tenham sido suspensas pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), para preservar os servidores e a própria população. Para a jornada diária, no entanto, eles dizem ter recebido apenas duas máscaras de pano cada, sem acesso a álcool gel, sabonete líquido ou luvas. “Não fomos capacitados em relação à Covid-19, e as máscaras de tecido são escassas e não apropriadas. Por termos recebido apenas duas delas, temos que ficar o dia inteiro com uma. Quanto ao álcool em gel, cada um precisa comprar o seu”, disse a agente de endemias e também diretora de base do Sindicato dos Servidores Públicos de Juiz de Fora (Sinserpu-JF), Dayse Luci Linhares Lemos.

A denúncia também foi publicada na última segunda-feira (27) nas redes sociais do Sinserpu. Nesta terça (28), Dayse reforçou à Tribuna que os agentes de endemias não receberam qualquer capacitação relacionada ao novo coronavírus e que temem serem deslocados para atuação mais direta relacionada à pandemia.

“A preocupação é de que o prefeito possa solicitar colegas no combate, porque somos a categoria que está mais próxima, e uma hora vão precisar de mais gente, porque os casos estão aumentando, e muitos profissionais de saúde estão sendo afastados. Mas não temos nem material adequado. Só temos as duas máscaras de pano e não recebemos álcool. E tudo o que sabemos de Covid é o que estamos vendo no noticiário.”

Segundo ela, dos cerca de 200 agentes de endemias, boa parte já foi desviada de função. Com a suspensão das visitas domiciliares, aqueles que atuam no combate à dengue têm feito o trabalho semelhante ao fumacê para eliminar os focos do Aedes aegypti, só que com bombas costais, principalmente em locais considerados de risco, como cemitérios, depósitos de materiais recicláveis e ferros-velhos.

Além das duas máscaras de pano, a categoria recebe água sanitária para desinfetar os veículos que os levam aos locais das vistorias. “A própria população não está recebendo os agentes de endemias (para visitas externas), porque a probabilidade de contágio é imensa”, ressaltou Dayse. Após ação do sindicato, a jornada de trabalho dos profissionais foi reduzida neste período de distanciamento social, passando das 7h às 17h, com duas horas de almoço, para 9h às 15h.

Matéria publicada pela Tribuna há mais de um mês, em 25 de março, já havia mostrado a preocupação dos agentes de endemias com os deslocamentos de função, sem treinamento adequado. Nesta terça, a diretora de Saúde do Sinserpu-JF, Deise da Silva Medeiros, disse que as denúncias de falta de EPIs também podem ser estendidas aos agentes de saúde comunitários, que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), como também já havia sido mostrado pela Tribuna em reportagem de 2 de abril. “O Sinserpu vai ter uma reunião com o Município nesta quarta-feira (29) para discutir essa questão dos EPIs, que está muito grave, em todos os setores da saúde. Não concordamos e vamos cobrar uma postura, porque os trabalhadores não podem ficar expostos diante dessa situação. Se começar a contaminar o profissional, como vai fazer? Quem vai atender a população? Disseram para nós que foram comprados os EPIs, mas queremos saber onde estão. A exigência do sindicato é que o servidor tenha acesso ao EPI que o Município garantiu que comprou”, resumiu.

Providências

Em nota, a Secretaria de Saúde confirmou que Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental entregou duas máscaras de pano para cada agente de combate a endemias, como equipamento de proteção individual (EPI), e que mais unidades estão sendo providenciadas. “Esse tipo de máscara atende à necessidade do agente, uma vez que o profissional não está realizando nenhum tipo de atendimento nesse período. A máscara cirúrgica é direcionada para os profissionais de saúde que realizam atendimento direto ao cidadão, por exemplo, os que trabalham em unidades de atenção básica e urgência e emergência. Sobre o álcool gel, está agendada para esta quarta-feira a entrega de uma nova remessa do insumo no ponto de apoio da dengue.”

JF tem 40 casos confirmados de dengue

A secretaria destacou que, neste período de pandemia, as visitas intradomiciliares realizadas pelos agentes de combate a endemias foram suspensas. “O Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental entende que o momento não é propício para que o profissional tenha contato com os moradores e vice-versa. Sobre isso, destaca-se que a situação epidemiológica em relação às arboviroses, dengue, zika e chikungunya, está controlada no município. Juiz de Fora registra, até esta data, 40 casos confirmados de dengue.”

Mesmo com a situação sob controle, segundo a secretaria, o trabalho de prevenção e combate à dengue é contínuo. “Os agentes seguem trabalhando na aplicação de Ultra Baixo Volume (UBV) e atendimento de denúncias. Além disso, parte dos servidores continua atuando no monitoramento dos 197 pontos estratégicos espalhados por todas as regiões da cidade, com objetivo de avaliar o índice de infestação do mosquito nesses locais.”

Já sobre os agentes comunitários de saúde, a pasta disse que eles foram direcionados para realizar o monitoramento de casos suspeitos e confirmados de Covid-19. “O acompanhamento permite que a equipe de saúde fique ciente do quadro clínico de seus pacientes, principalmente os que pertencem ao grupo de risco. Esse trabalho é feito, prioritariamente, por telefone. A Subsecretaria de Atenção à Saúde orientou esses profissionais a não realizar visitas intradomiciliares. Quando se fizer necessário, o agente deve priorizar o atendimento em local aberto (quintal, por exemplo) e manter distância de dois metros do usuário. Portanto, a máscara de pano atende a necessidade. Caso esteja atuando dentro da Unidade Básica de Saúde (UBS) em atividade de atendimento ao cidadão, é fornecido para o servidor a máscara cirúrgica tripla, que é a mesma disponibilizada para todos os níveis de atenção.”

Nesta terça-feira, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) divulgou boletim epidemiológico em que registra 89 casos prováveis de dengue em Juiz de Fora.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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