Tribuna tira dúvidas sobre a vacinação contra a Covid-19. Confira

Neste fim de semana, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) iniciou a aplicação da segunda dose da vacina contra a Covid-19 em idosos de 90 anos ou mais que já receberam a primeira dose. Concomitantemente, está em andamento também a imunização de idosos de 88 e 89 anos, além de profissionais de saúde que ainda não tinham recebido nenhuma dose. Há expectativa, ainda, de que, na próxima semana, uma nova etapa da imunização tenha início, com o início da vacinação de idosos de 85 anos ou mais.

Apesar da divulgação de diversas informações sobre as vacinas e o processo de imunização, muitas dúvidas continuam surgindo entre a população, visto que o Sars-CoV-2 que causou a pandemia de Covid-19 é um vírus novo, assim como os imunizantes criados para combatê-lo. Por isso, a Tribuna ouviu o infectologista e chefe do setor de Gestão da Qualidade e Vigilância em Saúde do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU/UFJF), Rodrigo Daniel de Souza, para responder algumas questões mais comuns relacionadas às vacinas e à vacinação. Confira:

Tribuna – Depois de tomar a primeira dose, a pessoa já está imune à Covid-19?
Rodrigo Daniel – Não. A vacina leva alguns dias para promover imunidade, mas, além disso, nem todos vão ficar imunes, mesmo tomando as duas doses. Elas somente aumentam a eficácia e a duração da imunidade à Covid-19.

– Quanto tempo dura a imunidade oferecida pelas vacinas?
– Ainda não se tem certeza da duração da imunidade conferida. Muitos estudiosos já imaginam que a vacinação contra a Covid-19 pode passar a ser anual, assim como a vacina da gripe.

– Pessoas vacinadas transmitem o vírus?
– Nenhuma vacina disponível protege 100% das pessoas. Por isso, algumas podem se infectar e transmitir o vírus. Entretanto, os vacinados tendem ter quadros leves ou assintomáticos, e nestas situações, a transmissão tende a ser menor. Desta forma, mesmo sem garantia, a vacinação deve reduzir a transmissão da Covid-19.

– Qual é o tempo de aplicação entre a primeira e a segunda dose?
– O intervalo entre as doses depende da vacina utilizada. Neste momento temos duas vacinas disponíveis: a Coronavac, cujas doses devem ser aplicadas com intervalo de duas a quatro semanas; e Covishield, da Astrazeneca/Oxford, cujo intervalo das doses pode ser de quatro a 12 semanas.

– Quem já teve Covid-19 deve ser vacinado?
– Sim, a resposta do organismo promovida pela vacina é mais organizada. Desta forma, há indicação de vacinação daqueles que já foram infectados anteriormente.

– As vacinas protegem contra as novas mutações e variantes do coronavírus?
– Essa definição é dinâmica, mas, até o momento, os estudos sugerem que as vacinas disponíveis protegem contra as variantes e mutações.

– Qual porcentagem da população tem que ser vacinada para atingir a imunidade de rebanho?
– Ainda não se tem certeza de qual percentual é necessário para a imunidade de rebanho, mas estima-se que seja necessário que 60% a 80% seja vacinada para que haja imunidade de rebanho.

‘Acesso à vacina está limitado’
Desde a aplicação da primeira vacina contra a Covid-19 em Juiz de Fora, em 20 de janeiro, 20.831 receberam a primeira dose do imunizante na cidade até a última quinta-feira (25). A aplicação da segunda dose, iniciada em 8 de fevereiro, atingiu 11.812 delas. O avanço, considerado lento por especialistas, é um reflexo da imunização em todo território nacional, que alcançou a marca de 6,3 milhões de vacinados também nesta quinta, conforme apurado pelo consórcio de veículos de imprensa (grupo formado por Folha de S. Paulo, UOL, O Estado de S. Paulo, O Globo, G1 e Extra) junto às secretarias estaduais de saúde.

Para o infectologista Rodrigo Daniel, o Brasil enfrenta um problema de acesso ao imunizante, e não de logística. “Apesar do país já ser um dos primeiros em números absolutos (quando se considera apenas o número de vacinados) nos vacinômetros mundiais, em números relativos (quando se considera o número de habitantes) ainda estamos muito atrás. Não vejo um problema de logística de esferas governamentais quaisquer. O acesso à vacina é que está limitado.”

Ainda conforme o especialista, o país necessita da execução rápida de alternativas, sob o risco de precisar vacinar novamente pessoas já imunizadas. “A melhor maneira de reverter (a situação) é incluir vacinas de outros fabricantes no plano nacional, permitir a aquisição de vacinas pelo setor privado e passar a dominar a técnica completa de produção da vacina. Em uma campanha de vacina em que se busca uma imunização de rebanho, o ideal é que as vacinas sejam feitas no mesmo período. Como desconhecemos a duração da imunidade, corremos o risco de ter que tornar a vacinar pessoas, enquanto outras ainda não receberam uma dose sequer”, avalia.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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