UFJF avança em estudos de impressoras 3D para produção de medicamentos

Ciência em benefício da sociedade. Tendo esse pensamento como norteador de seus estudos, a coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Inovação em Ciências da Saúde (Nupics) da Universidade Federal de Juiz de Fora, Nádia Raposo, tem trabalhado com o uso da impressão 3D para a produção personalizada e mais eficiente de medicamentos. Partiu da UFJF o desenvolvimento de uma nova forma do uso da tecnologia para a fabricação do minoxidil, fármaco usado no tratamento da calvície.

De acordo com Nádia, a impressão 3D permite a produção de forma personalizada da dosagem do minoxidil. Até então, o medicamento era aplicado sobre o couro cabeludo (uso tópico) e, com o novo método, pode ser usado via oral. A técnica não se limita somente a este medicamento. “Na indústria farmacêutica há medicamentos com doses fixas. Muitas vezes os pacientes têm respostas distintas e precisariam de uma dose de (por exemplo) 12,5 mg, que não existe no mercado para exercer o efeito. Com essa tecnologia, é possível produzir cápsulas, comprimidos e afins para que atenda a necessidade de cada pessoa”.

Comprimidos em formato de super-heróis

Em 2015, foi aprovado pela agência americana Food and Drug Administration (FDA) o primeiro medicamento com essa tecnologia, à época, para o tratamento da epilepsia. A partir daí, é crescente o interesse da indústria farmacêutica pela impressão 3D. Diante dos benefícios que têm sido confirmados pelas pesquisas na UFJF, Nádia ressalta a importância deste tipo de tecnologia para toda a sociedade.

Com a tecnologia usada nas impressoras 3D, é possível combinar o melhor de dois mundos: a facilidade de deglutição das drogas líquidas e a precisão de dosagem dos comprimidos. “É próprio de pessoas que têm idade mais avançada a disfagia, que é a dificuldade para engolir a medicação. Isso também acontece com as crianças. E há alguns remédios que não têm dosagem adequada aos pequenos, o que pode causar efeitos colaterais. Isso faz com que a adesão aos tratamentos medicamentosos seja muito baixa.”.

Além da personalização, a impressão 3D possibilita a individualização de doses, o desenvolvimento de design diferenciado e a consequente liberação controlada dos fármacos. “Podemos fazer em diferentes formatos, como super-heróis, em forma de coração, entre outras, utilizando o lado lúdico e que pode ser essencial para a melhora de um paciente”, garantiu.

Um só comprimido, compostos diferenciados

Outra vantagem é a fabricação de um único comprimido com fármacos diferentes, de acordo com a prescrição de cada indivíduo. A tecnologia também permite a descentralização da produção de medicamentos de grandes indústrias farmacêuticas para farmácias e hospitais, sendo viável também em locais remotos. “É possível, por meio de design de medicamento, elaborar um único comprimido para que ela (a droga) seja liberada no organismo, evitando horários não propícios da ingestão das fórmulas para algumas pessoas, como ter que acordar durante a madrugada para dar continuidade aos tratamentos”, acrescentou Nádia Raposo.

A pesquisadora acredita que, em um futuro próximo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permita a produção de fármacos com a impressora 3D. “É um dispositivo simples, de baixo custo – cerca de R$ 2.500 -, de fácil acesso e adesão. A indústria farmacêutica já se mostra interessada nessas inovações”, finaliza.

O post UFJF avança em estudos de impressoras 3D para produção de medicamentos apareceu primeiro em Tribuna de Minas.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

Pesquisar