Vigilância Epidemiológica de JF aponta diminuição na dengue

Até o momento, Juiz de Fora está em sinal de alerta para a constante proliferação de casos de dengue no município. Já foram confirmados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) dez mortes, restando ainda, de acordo com a Secretaria Municipal, outros sete óbitos em investigação para a doença até então. No entanto, conforme o Departamento de Vigilância Epidemiológica, a situação tem apresentado melhoras, indicando uma diminuição tardia nas notificações semanais de novos casos no município. Todavia, as anomalias climáticas verificadas com maior frequência nos últimos anos geram apreensão e devem garantir atenção contínua da Administração Municipal e da população, segundo o Departamento.

“A gente já verifica um decréscimo nas últimas semanas com relação aos meses de abril e maio, que já foram meses atípicos, porque geralmente na metade de abril os casos já estão caindo, de acordo com a série histórica do município. Nesse ano, o calor se prolongou bastante, não teve outono. Nessas últimas semanas tem diminuído, sim, por conta das ações que a gente tem feito, mas também pela mudança de temperatura e pela falta de chuva, que são dois fatores que influenciam no ciclo de vida do mosquito (Aedes aegypti, vetor da doença)”, afirma a gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica, Cecília Kosmann, fazendo referência aos setores bióticos, que têm a ver com a vida, como a quantidade de criadouros potencializadores da infestação dos mosquitos; e aos abióticos, referentes ao clima.

A estabilização do quadro de aumento da incidência também é observada pelos dados divulgados pela SES. Nos boletins epidemiológicos das últimas semanas, o crescimento tem ficado na casa dos 300 novos registros semanais a cada semana, em escalada distante dos expressivos 1000% apontados entre abril e maio deste ano. Na divulgação da pasta estadual desta terça-feira (9), Juiz de fora chegou ao total de 3.802 casos prováveis, com incidência de 673,74 suspeitas para cada 100 mil habitantes, marca considerada como “muito alta” pelo Estado. Tendo a queda das temperaturas como aliadas, o combate da doença chega a um momento positivo, mas a atenção deve permanecer durante todo o ano, como afirma Cecília.

“Esse frio que está hoje em Juiz de Fora não necessariamente vai continuar na semana que vem, as temperaturas podem voltar a aumentar. A gente não pode descuidar. Nem a Prefeitura nem a população, porque a gente já teve registros em outras cidades do país de surtos epidêmicos em meses de julho, por exemplo”, diz a gerente, que usa como exemplo a alta proliferação no estado de São Paulo, em 2015. “Quando teve aquela seca na Cantareira, pessoas estocaram água e, por exemplo, na região de Campinas, houve surto epidêmico em julho, que é bastante frio e bastante seco. Não pode haver um descuido, porque basta um pequeno criadouro, uma alteração sutil da temperatura para o mosquito continuar a se proliferar e a fechar o seu ciclo. O nosso trabalho tem que ser de janeiro a janeiro”, completa.

Aumento surpreendente

O insistente aumento nos índices de dengue – mesmo em período em que tradicionalmente a doença costuma se dissipar – deu o tom da preocupação das pastas de saúde em Minas Gerais e em São Paulo até o momento. Enquanto no estado paulista foram registrados 267.602 casos prováveis e 157 mortes até o dia 17 de junho, o último relatório mineiro aponta para 438.666 casos prováveis e 98 óbitos confirmados em todo o território, havendo, ainda, outras 137 mortes em investigação para a doença. As mudanças climáticas foram ressaltadas por Cecília Kosmann como fator preponderante para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, surpreendendo os profissionais de saúde brasileiros. “A gente sabe que, por conta do aquecimento global, o mosquito está prolongando sua atividade durante o ano e também está expandido sua área de atuação. Já temos, por exemplo, transmissão nos Estados Unidos, em locais que não se tinha tantos registros. Esses fatores influenciam diretamente no ciclo de vida dos mosquitos, e foi realmente algo fora do comum do que a gente observa em todos os anos no Brasil de uma forma geral. Mesmo quem não é da área notou que o inverno demorou muito para chegar, e isso foi muito atípico.”

As inconstâncias climáticas cada vez maiores em todo o globo, conforme Cecília, aumentam a quantidade de doenças a que a população está exposta. “A gente está vivendo essa questão do aquecimento global cada vez mais forte no mundo, e como consequência, cada vez mais tipos diferentes de vírus, então nós temos que estar sempre muito vigilantes. Daqui para a frente vai só aumentar, não podemos descuidar, porque o mosquito se adapta, como todo ser vivo, às novas condições”, finaliza.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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