O médium João Teixeira de Farias, conhecido como “João de Deus”, acusado de abuso sexual por mais de 200 mulheres, voltou nesta quarta-feira (12) à Casa Dom Inácio de Loyola, local onde realiza atendimentos espirituais em Abadiânia, no interior de Goiás.
“Eu estou nas mãos da Lei brasileira, o João de Deus ainda está vivo”, disse o suspeito, que nega as acusações. Ele chegou ao local por volta das 9h, passou pelos visitantes protegido por um cordão de isolamento formado por seis funcionários, esteve por dez minutos em sua sala de atendimento e deixou o local, de acordo com o site de notícias “G1”. A casa espiritual recebeu excursões vindas de diferentes estados brasileiros, além de visitas de holandeses e norte-americanos.
Desde a última segunda-feira (10) a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual de Goiás realizam uma força-tarefa para ouvir denúncias sobre o caso. Em 30 horas, as autoridades receberam mais de 200 relatos de supostos abusos praticados pelo religioso. Pelo menos quatro inquéritos já foram abertos. O Ministério Público de São Paulo também auxilia nas investigações, recebendo denúncias por email e pelas redes sociais.
Até a última terça-feira (11), foram ao menos 330 casos relatados às autoridades dos dois estados. As vítimas são de Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Os procuradores orientam as vítimas a procurarem os ministérios Públicos de seus estados para que, posteriormente, as entidades enviem os relatos ao Ministério Público de Goiás, que conta com cinco promotores de Justiça e duas psicólogas para lidar com o caso. Em São Paulo, são seis promotores e uma equipe de apoio.
Denúncias
Reportagem da TV Globo, exibida na última sexta-feira (8), denunciou 10 supostos assédios cometidos pelo religioso, que realizava cirurgias espirituais em Abadiânia, no interior do estado, desde 1976. Os casos teriam ocorrido entre a década de 1980 e o ano passado.
A bailarina holandesa Zahira Leeneke Maus foi a única suposta vítima que aceitou se identificar. Ela relata que o religioso a obrigou a masturbá-lo enquanto ela chorava. “Ele dizia que estava me liberando das energias negativas”, disse a mulher, que afirma ter sido convidada para uma consulta particular após um atendimento na Casa Dom Inácio Loyola.
Em uma das visitas, ela diz ter sido levada até o banheiro da sala de João de Deus, onde ele se posicionou atrás dela. “Ele agarrou minha mão direita e a colocou por trás de mim, nas calças dele”, relata o site de notícias “G1”. João de Deus também teria tocado partes do corpo dela, como os seios.
“Você deveria sorrir, você deveria estar feliz”, teria dito o religioso. Em outra ocasião, segundo a holandesa, ele repetiu as ações e deu “um passo adiante”. “Ele me penetrou por trás e de novo esses… Eu nem consigo descrever”, lamenta a suposta vítima. A holandesa relata que o médium a pediu que voltasse outras vezes após os abusos. João de Deus já havia sido acusado de assédio sexual em 2010, mas foi absolvido em 2012 por falta de provas. Ele ganhou fama mundial por promover a cura de doenças por meio de atividades espirituais. A Casa Inácio Loyola recebe mais de 10 mil visitas por mês.
A defesa do religioso sustenta que ele “rechaça veementemente qualquer prática imprópria em seus atendimentos” e relata que a maior parte dos procedimentos é feita em grupo, além de dizer que João de Deus está à disposição da Justiça para esclarecimentos.
Ansa Brasil
Postado originalmente por: Portal V9 – Vitoriosa
