Adaptações no rádio e na TV: diretor do Grupo Bandeirantes relata como emissoras estão atravessando a pandemia

Projeto de programa de entrevistas estava entre os planos para 2020 e foi colocado no ar apesar da crise

Daniela Mallmann, repórter da TV Band Minas, passou a utilizar máscara nas ruas da capital

Os corredores das emissoras de rádio e televisão estão um pouco mais vazios. Com a pandemia da Covid-19, a forma de trabalho dos profissionais precisou ser adaptada. Muitos estão em home-office, e mesmo os que continuam trabalhando in loco, tiveram suas rotinas alteradas. Em Belo Horizonte, o Grupo Bandeirantes teve de se adequar, tanto na Rádio Band News FM, quanto na TV Band Minas, os profissionais foram divididos em grupos. E mesmo com todos os ajustes, redução de receita e até o desligamento de alguns funcionários, a emissora continuou com suas produções e apresentou novidades para o público.

Primeiro os microfones ganharam capa, depois repórteres e entrevistados passaram a segurar equipamentos diferentes. Além disso, o uso de máscaras se tornou obrigatório para as equipes, compostas sempre pelo mesmo repórter e cinegrafista.

O Grupo ainda proibiu todas as entrevistas presenciais na rádio e mudou as formas de sabatinar os entrevistados na TV, com exceção de um programa. A alternativa para atender as demandas foi realizar entrevistas pelo telefone e por videochamadas, pelo Zoom e Skype, por exemplo. “Os repórteres, mesmo em home-office, também faziam entrevista de casa, via estes programas, e entravam também de casa nos jornais e nos boletins”, explica o diretor de jornalismo do Grupo, Murilo Rocha, que também alerta que essa é uma possibilidade que veio para ficar. O diretor de jornalismo da emissora, que também é autor do livro Brumadinho – A engenharia de um crime, assumiu a função poucos meses antes da pandemia, em dezembro de 2019.

Outros programas da casa também precisaram passar por adaptações. No caso de Os Donos da Bola, apresentado por Heverton Guimarães, e que conta com quatro colunistas, a participação deles foi reduzida pela metade.

Além das mudanças, o fator econômico também atingiu a Band. Segundo o diretor de jornalismo, houve um ‘sumiço’ de anunciantes, principalmente na TV Band Minas, e o grupo precisou desligar alguns profissionais.

De acordo com Murilo, a TV perdeu quatro jornalistas, três cinegrafistas e na rádio um coordenador também foi desligado do trabalho.

Repórter Marcelo Silveira passou a utilizar o celular para gravar as reportagens em home-office

Grupo integrado

O diretor esclarece que a TV Band Minas e a Band News FM trabalham de forma integrada, mas ele ainda explica que as equipes são pequenas e ainda precisam se adequar melhor para essa junção. “A gente está tentando unificar pela pauta, apuração, produção”, explica. Murilo comenta que um núcleo único fica à frente dessas áreas, mas alega que o trabalho tem sido feito aos poucos. Além disso, repórteres da TV fazem entradas ao vivo na rádio, e os da rádio também fazem participações na TV.

No grupo, inclusive, três profissionais já trabalhavam como videoreporteres. Segundo Murilo, estes jornalistas vão para as marcações em seus próprios carros e podem até mesmo ir direto de suas casas para as gravações.

Toda a parafernália utilizada para uma reportagem é substituída por equipamentos mais leves e práticos. Celular e um tripé compõem a equipe ao lado do videoreporter que utiliza os equipamentos para a produção de VTs e até entradas ao vivo. “Não dá para dizer que isso é uma nova realidade para a TV, mas eu vejo que é uma tendência”, explica Murilo que ainda lembra que a Globo tem utilizado essa modalidade em entradas ao vivo direto da Casa Branca, nos Estados Unidos.

 

Novidades na programação

Desde o ano passado, a emissora programava o retorno do Entrevista Coletiva para abril deste ano, mas isso acabou acontecendo em maio, durante a pandemia. “Adaptamos o projeto e fizemos um cenário simples, mais enxuto, mais barato para estrear em maio”, explica o diretor. Murilo ainda comenta que mesmo com a pandemia a direção entendeu que era necessário ter este espaço e ainda revelou que o programa já tinha um patrocinador.

“Foi importante, sem dúvidas, porque além de política e economia, ele virou um espaço para a gente trazer vários infectologistas, virologistas, secretário de saúde para discutir a questão da Covid-19 em uma entrevista um pouco mais aprofundada”, explicou.

Outra novidade é o retorno do programa Gui Moreira, aos sábados, em horário independente vendido pela emissora. Apesar de não ser um investimento direto do Grupo Bandeirantes, Murilo reforça que é uma novidade que vai trazer um público diferente para o canal.

TV mais próxima do público

No ano em que a televisão completa 70 anos no Brasil, Murilo reforça a importância da programação local e diz que essa é uma tendência mundial. “Na rádio a gente tenta sempre discutir o local contextualizando com o nacional e na TV, talvez fique mais difícil por conta da linguagem, mas sempre estamos atentos às pautas nacionais e discutimos como elas refletem aqui”, disse.

O diretor ainda comenta que neste aniversário de 70 anos da TV, o Grupo Bandeirantes reforça sua marca com jornalismo mais analítico e com mais informação.

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