Radiodifusores pedem respostas sobre situação do Lago de Furnas

Mesmo com o período chuvoso, água do lago permanece baixa, afetando o turismo e, consequentemente, emissoras de rádio e TV

Desde o início do ano, o estado de Minas Gerais vem sendo atingido consideravelmente pelas chuvas. Apesar disso, municípios que ficam localizados próximo ao Lago de Furnas não conseguem entender o motivo da baixa do nível da água.

Por este motivo, a Associação Mineira de Rádio e Televisão (AMIRT) emitiu manifesto solicitando a autoridades políticas respostas sobre a situação do lago, que afeta o turismo na região, atividades, como agropecuária e piscicultura, além de emissoras de rádio e televisão que veem uma queda expressiva na venda de publicidade.

O diretor da rádio Fama FM, Luís Roberto, explica que a situação do Lago de Furnas é caótica. “Chove muito e o nível não sobe. Sem água, sem turismo, não tem propaganda e acaba comprometendo também as vendas de publicidade da rádio. É importante que se veja a questão de manter o Lago de Furnas em um nível que dê para navegação, exploração do turismo e também de atividades agropecuárias, principalmente para nós da rádio termos de volta os nossos clientes”.

O gerente da Rádio Itatiaia Sul de Minas, Diego Braga, destaca que nos últimos anos a situação do Lago de Furnas vem piorando. Segundo ele, um dos motivos é que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem usado Furnas praticamente em sua capacidade máxima para fornecer água para outros reservatórios, entre eles, os localizados na divisa de São Paulo e Paraná, Minas Gerais e São Paulo, alguns do Triângulo Mineiro, até chegar em Itaipu.

“Precisamos de uma mobilização muito maior, principalmente dos nossos governantes. Antes os reservatórios ficavam em 80%, 90%, em época de seca batia 40% e hoje está em 23% (se não me falha memória), em uma época que era para estar em 70% de capacidade. Com isso, os prejuízos são enormes, onde era represa, virou pasto, quem produziu nessas áreas vai perder tudo. Esse braço que nós temos aqui, que é o primeiro que sofre com a estiagem, realmente depende muito do Lago de Furnas, assim como as cidades circunvizinhas”.

Ainda de acordo com Braga, vários estabelecimentos estão fechando ou praticamente indo à falência por causa da inconstância do ONS.

Outro radiodifusor que também pede justificativas é o José Cloves, da Rádio Serra FM de Boa Esperança. “A água está muito baixa. Com esta queda, vários ranchos e restaurantes tiveram problemas. O pessoal que trabalha com a piscicultura perdeu tudo e isso prejudicou muito a nossa cidade. Só não foi pior para nossa região, porque temos um dique que segura um lago maravilhoso dentro da nossa cidade. Se não fosse isso, teríamos um prejuízo muito maior”.

AMIRT cobra explicações

Na última terça-feira (12), o presidente da Amirt, Luciano Pimenta, e o vice Mayrinck Junior, estiveram em Brasília (DF) em busca de explicações. Eles se reuniram com o deputado Emidinho Madeira (PSB) para discutir sobre o assunto, já que emissoras do Sul e do Sudoeste de Minas estão entre as mais afetadas.  “Ninguém entende, com este excesso de chuva, como o nosso lago segue mais baixo do que no ano passado”, questiona Luciano.

Mayrinck explicou que a queda da água afetará uma das datas mais importantes para o turismo das cidades. “Nós fomos muito cobrados para dar uma posição às emissoras de rádio que estão sendo afetadas diretamente pela falta do turismo. O carnaval não vai acontecer porque não tem água”.

Como resposta, o parlamentar reforçou que está atento a todos os problemas da região e que vai ajudar a buscar uma solução para reerguer o “mar de Minas”.

O deputado ainda comentou que estará junto com os demais representantes da bancada mineira na Câmara dos Deputados em prol da causa. Eles ainda devem contar com o apoio dos três senadores mineiros. Segundo o deputado, uma comissão geral vai ser instalada para solucionar os problemas.

Durante audiência, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) lamentou a situação do Lago de Furnas. “Durante muito tempo se sustentou que não chovia, agora não há mais está justificativa. Recebi a notícia oficiosa até aqui, de que o motivo do nível da água está tão baixo é a necessidade da vazão do Lago de Furnas para poder abastecer o Rio Tietê no estado de São Paulo, porque lá falta uma obra necessária. Ninguém discute a importância da hidrovia do Rio Tietê para o estado de São Paulo e para o Brasil, mas o Lago de Furnas é importante para Minas Gerais e também para o Brasil. ”

Pelo menos 34 municípios sofrem com as consequências causadas pela queda do nível da água do Lago de Furnas, entre eles, Aguanil, Alfenas, Alpinópolis, Cabo Verde, Campos Gerais, Capitólio, Carmo do Rio Claro, Fama, Formiga, Itapecerica, Nepomuceno e Varginha.

Solidariedade

Apesar de São Sebastião do Paraíso, estar localizada no Sudoeste de Minas, a cidade não sofreu com a queda do nível da água do Lago de Furnas. De qualquer forma, o administrador de empresas do município, Alessandro Morandini, se solidarizou com a situação de quem depende do Lago.

“Queremos uma resposta a esta situação tendo em vista que é inversamente proporcional ao volume de água que está caindo e não está abastecendo o reservatório. Nós aqui de São Sebastião do Paraíso estamos atentos e gostaríamos também desta explicação, tendo em vista que o turismo nessa região, principalmente nesta época, está sendo bastante afetado”.

 

*Com colaboração de Patrícia Marques

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