Câmara requer criação do cargo de professor de apoio para o município

Denúncias de perseguições, descontentamentos, cobranças injustas, crítica da ausência do Executivo, pedido de revogação de lei que define extensão de jornada e encaminhamentos foram os destaques da Audiência Pública, nesta quarta-feira (05), no Plenário da Casa Legislativa, que debateu sobre as extensões de carga horária na educação de Montes Claros, em especial para auxiliares de docência.

Tânia Fraga é auxiliar de docência e há dez anos presta serviços a Prefeitura de Montes Claros. Conforme ela denuncia, em 2019, encerrou o ano com síndrome do pânico por causa do excesso de cobrança e sobrecarga de trabalho.“Em dez anos foi a primeira vez que isso aconteceu. Eu nunca havia apresentado um atestado ao setor de medicina do trabalho. Está muito difícil o diálogo.

Procurei a secretária de educação por várias vezes e não fui ouvida”, emocionada falou.Na mesma profissão, Andréa Gusmão, diz que os profissionais da educação merecem melhores condições de trabalho. Ela afirma o que querem é o diálogo e não briga, pois não chega a lugar nenhum. Ela que acordava às 4h30 para trabalhar contou o drama vivido quando ia para a zona rural do Município. A servidora pública pede o fim da dobra de turno dos auxiliares de docência.

Outro militante da categoria, João Paulo, denunciou que os servidores são os mais perseguidos da administração. “São vigiados desde quando chegam a escola, inclusive por pais e mães. Muitos deles (as) já sofrem com diversos problemas, como a falta de um plano de saúde, de auxílio-transporte suficiente”, comentou afirmando ainda que a ausência dos secretários de educação e de planejamento, convidados para participar da audiência, é uma falta de respeito com o povo de Montes Claros.

Demandas coletivas

Presidente da Associação Norte Mineira de Apoio ao Autista, Montes Claros (Anda), Kelly Nery, que é educadora da rede estadual, afirma que os filhos especiais precisam de educadores e não de babás como foram tachados. De acordo com ela, o poder público deve se preocupar com a qualificação dos servidores para a construção de uma base para filhos autistas, por exemplo. Isso para que eles possam chegar ao ensino fundamental preparados e que não percam tempo. Kelly, que é psicopedagoga, acredita que o que deve estar acima de qualquer debate é o respeito.

Iara Pimentel, Presidente do Sindicato da Educação, afirmou que o cargo criado em 2009 era somente para os Cemeis. Quando houve a mudança para as escolas fez com que acontecesse esse ‘embrolho’.“Ao passar os servidores para atender as crianças com necessidades especiais, o Município criou um grande descontentamento na categoria. Mas o que é pior é que as monitoras, que também estão no lugar de professor de apoio, recebem praticamente um salário-mínimo. Ganham menos que os auxiliares. E a maioria tem curso superior e especialização na área. Portanto, é necessário a construção de um plano de cargos e salários com urgência. Sugiro ainda a criação da função de cargo de apoio, pois misturar as funções gera esse grave e grande problema atual. Por fim, sugiro concurso público para provimento de vagas”, encerrou a sindicalista.

Conforme apontou Célio Oliveira, Presidente dos Sindicatos dos Servidores Públicos Municipais, não é ‘privilégio’ somente dos auxiliares de docência que enfrentam problemas. “Tem os serventes de zeladoria, por exemplo. Queremos dialogar, mas essa gestão nega em ir para o debate e ignora os requerimentos apresentados. A nossa relação é uma relação judicializada”, denunciou Célio.

Encaminhamentos

Foram aprovados os requerimentos pela Comissão de Educação:

1 – Convocação dos secretários de educação e planejamento para informar a Câmara sobre o assunto;

2 – Criar a função de professor de apoio;

3 – Revisão no número de vale-transporte para os auxiliares que dobram o turno.

O presidente da Comissão, Daniel Dias, explicou que revogar o ato extensão de jornada a Câmara de Vereadores não tem esse poder. Há limitações devido a legislação, mas o coletivo presidido por ele, estudará medidas para ajudar a classe trabalhadora.

Para Maria Helena, os encaminhamentos não podem ficar somente no discurso. Ela afirma que as perseguições junto aos profissionais da educação devem parar.Edmílson Magalhães garante que nunca furtou em buscar soluções para o povo de Montes Claros. Ele questionou porque os representantes da Prefeitura não participaram das discussões.

Fim da dobra

Na reunião ordinária de 21 de janeiro, os parlamentares já haviam aprovado Requerimento para o fim da dobra de jornada, que já foi encaminhado ao Prefeito de Montes Claros, Humberto Souto.Audiência prestigiadaCerca de 300 pessoas participaram da proposição da Comissão de Educação. Os três membros, Daniel Dias (PCdoB), Maria Helena Lopes (PPL) e Edmílson Magalhães (PSDB) coordenaram os trabalhos.

Também estiveram presentes os parlamentares Fábio Neves (PSB), Rodrigo Cadeirante (Rede), Wilton Dias (PSH), Valcir da Ademoc (PTB), Sóter Magno (PP),  Sérgio Pereira (DC), Dr. Valdivino e o Pastor Elair (MDB). Os demais vereadores justificaram as ausências deles em eventos já agendados anteriormente nas comunidades onde atuam.

Postado originalmente por: VinTV

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